O movimento de mulheres do Brasil, coordenado pelo Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), pela Marcha Mundial de Mulheres (MMM), pela Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela CONTAG realizaram nesta terça-feira (06), em Brasília, o Seminário “A Reforma da Previdência e as Mulheres Trabalhadoras! Mulheres organizadas e em luta!”, com o objetivo de discutir os impactos que essa reforma da previdência pode trazer para a vida das mulheres.
O seminário também contou com a presença de mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf), do Sindicato dos Servidores Públicos Federais (Sindisep-DF), do Movimento Camponês Popular (MCP), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), do GT Mulheres da ANA e do Movimento dos Trabalhadores do Campo (MTC).
Pela manhã, a programação contou com uma exposição e debate com Lilian Marques, do Dieese, e de Gisela Collares, da Auditoria Cidadã da Dívida. À tarde, houve uma reunião entre as organizações e movimentos de mulheres.
Segundo Eridiane Seibert, do MMC, as mulheres se reuniram para discutir a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo e que vai afetar drasticamente os trabalhadores e as trabalhadoras em especial, e com um corte muito mais profundo ainda para os trabalhadores(as) rurais e para as mulheres. “Nesta proposta de reforma pretende-se igualar as idades entre homens e mulheres, trabalhadores(as) urbanos e rurais, o que coloca em xeque a conquista desse direito, nessa diferenciação, porque não somos iguais, porque existem diferenças que são marcantes na forma de trabalho exercido por homens e mulheres e por trabalhadores rurais e trabalhadores urbanos. As mulheres rurais vão perder 10 anos do direito conquistado”. Eridiane completou que outra questão que preocupa bastante é a desvinculação dos benefícios previdenciários do salário mínimo. “Isso afetará fortemente a vida das mulheres e dos trabalhadores de uma forma geral. Então, essa proposta de reforma da Previdência traz um teor de muita maldade que vai retirar muitos direitos conquistados pela classe trabalhadora e pelas mulheres. E é por isso que estamos aqui discutindo esses impactos e como será a nossa atuação frente a essa olhada de retirada de direitos, essa grande ameaça e como atuaremos enquanto unidade e coletivo de mulheres”, avaliou.
Já Sônia Coelho, da Marcha Mundial de Mulheres, afirmou que essa reforma da Previdência proposta pelo governo será o aprofundamento da desigualdade que já existe na sociedade entre homens e mulheres. “Isso porque a Previdência funcionava como um mecanismo de distribuição de renda e de, minimamente, reparar as desigualdades no campo do trabalho quando, por exemplo, a mulher se aposenta cinco anos antes dos homens. Isso tem a ver com as mulheres receberem menos no mercado de trabalho, tem a ver com a dupla jornada, as mulheres são sobrecarregadas, trabalham muito mais no trabalho doméstico, no cuidado da vida, nos trabalhos da roça que não são reconhecidos. Agora, estão igualando o que é absolutamente desigual e num patamar de retirar mesmo os direitos da classe trabalhadora como um todo de mulheres e de homens, e que vai deixar a nossa população em condições mínimas de sobrevivência e vai colocar o Brasil como um dos países de maior desigualdade e concentração de renda do mundo. Não tem precedentes o que está acontecendo no Brasil, é escravismo mesmo!”, definiu Soninha.
Nilde Souza, da Articulação das Mulheres Brasileiras (AMB) também diz NÃO à reforma da Previdência. “A proposta desse governo golpista é um grande retrocesso para nós mulheres. Primeiro, porque é uma conquista tão recente que nós temos de ter acesso às políticas públicas, ter uma Seguridade Social no tripé Previdência, Assistência e Saúde, e esse governo coloca abaixo essas conquistas que são constitucionais. Já de cara, é uma afronta e uma violação aos nossos direitos que tanto lutamos para conquistar. Nós mulheres vamos ter que trabalhar mais, nós que já temos dupla e até tripla jornada. Com essa reforma, vamos trabalhar muito mais e as rurais ainda mais. Tem mulher que nem vai chegar a acessar a aposentadoria porque não vão chegar à idade mínima para se aposentar.” Para a dirigente da AMB, os municípios também serão impactos caso essa proposta seja aprovada. “Imagina a situação dos municípios onde o dinheiro das aposentadorias ajuda a desenvolver a economia local. É por isso que dizemos NÃO a essa reforma e estamos conclamando as mulheres, a sociedade como um todo a ir para as ruas e dizer não, ir para cima dos deputados e senadores que querem mais uma vez impor a vontade deles, sem ouvir a maioria que somos nós, a população. Se é preciso fazer alguma reforma, que seja para aperfeiçoar. Quer sair da crise? Parem de pagar juros altíssimos da dívida, taxem as grandes fortunas, cortem alguns privilégios dos poderes e ajudar a entrar mais verbas para a saúde, para a educação, para a reforma agrária, para as mulheres rurais, é disso que estamos precisando”, concluiu. FONTE: Assessoria de Comunicação CONTAG - Verônica Tozzi, com informações da Assessoria da Secretaria de Mulheres.