Está prevista a invasão de fazendas, sobretudo no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado
JOSÉ MARIA TOMAZELA - Agencia Estado
SOROCABA - O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) promete pressionar "com toda força" o governo de São Paulo durante o chamado "abril vermelho", o mês já tradicional de mobilização do grupo. Está prevista a invasão de fazendas, sobretudo no Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado, região com grande ocorrência de conflitos fundiários. O objetivo é evitar a aprovação do projeto do governador José Serra (PSDB) que prevê a regularização das fazendas com mais de 500 hectares na região.
As terras foram tidas como devolutas pelo governo estadual que entrou com ações discriminatórias, buscando sua retomada. Os sem-terra querem a destinação das áreas para assentamentos da reforma agrária. No entanto, os fazendeiros alegam ter títulos de propriedade das terras e a discussão se prolonga na Justiça. O projeto do governador, que aguarda votação na Assembléia Legislativa, prevê a realização de acordos judiciais para pôr fim à disputa.
O coordenador estadual do MST, Clédson Mendes, disse que o projeto equivale a uma privatização de terras públicas. O MST deu hoje uma demonstração de força no Pontal ao reunir 500 militantes, incluídos integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), para bloquear os acessos da Usina Hidrelétrica Sérgio Mota, em Rosana, em protesto contra o leilão de privatização da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). "Para nós o abril vermelho já começou", disse o líder.
Ele criticou o governador por dar seqüência ao programa de privatizações do PSDB, que, segundo ele, vai contra os interesses da população pobre. "Ao invés de investir em assentamentos, ele entrega as terras para o agronegócio." Além da ação da hidrelétrica, o MST invadiu a Fazenda Esperança, em Iepê, na sexta-feira. No fim de semana anterior, também foram ocupadas as fazendas Alvorada, em Presidente Epitácio, e Macaé, em Andradina. FONTE: Estadão Online ? SP