Brás Henrique, RIBEIRÃO PRETO
Mais de cem militantes do Movimento dos Sem-terra (MST) fizeram um protesto ontem em frente ao prédio onde está instalado um escritório da multinacional Syngenta Seeds, em Ribeirão Preto (SP). Durante pouco mais de duas horas, o grupo protestou contra a morte do militante da Via Campesina Valmir Mota de Oliveira, ocorrida no interior do Paraná em 21 de outubro. "Essa é uma denúncia contra o assassinato do nosso companheiro", disse o advogado do MST, Paulo Freire.
Com faixas e cartazes, os manifestantes gritaram frases de protesto, pedindo justiça contra a impunidade. O ato integra a campanha "Fora Syngenta do Brasil", do MST, segundo a diretora estadual do movimento, Kelli Mafort.
Anteontem a Justiça concedeu o relaxamento da prisão de sete seguranças acusados de envolvimento na morte do líder sem-terra na fazenda da Syngenta, em Santa Tereza do Oeste (PR). Eles vão responder ao processo em liberdade. A juíza da 1ª Vara Criminal da Comarca de Cascavel, Sandra Regina Bittencourt Simões, alegou que deixar em liberdade os seguranças não representa perigo à ordem pública nem o acirramento dos ânimos entre trabalhadores rurais e fazendeiros.
Segundo ela, não há provas, até agora, de que algum deles praticou o homicídio. Foram beneficiados Alexandre Magno Almeida, Fabiano dos Santos, Rodrigo de Oliveira Ambrosio, Marcelo Victor Stieven, Vanderlei Rirardi, Wanderlei Machado e Alexandre de Jesus.
O relaxamento das prisões revoltou os movimentos sociais. A organização não-governamental Terra de Direitos divulgou uma nota, alegando que "é absolutamente inadmissível e desprovida de fundamento a medida tomada pela Justiça".
MARCHA
Em Porto Alegre, o MST decidiu suspender temporariamente o deslocamento de três colunas de militantes que marcham desde o dia 11 de setembro rumo à Fazenda Coqueiros, em Coqueiros do Sul, no Rio Grande do Sul. As marchas têm como objetivo pressionar o governo federal a desapropriar a área, de 7 mil hectares, para assentamento de 500 famílias.
"Vamos dar um voto de confiança ao Ministério Público Federal", disse uma das coordenadoras das marchas, Irma Ostroski, referindo-se ao pedido que o MST recebeu na quinta-feira, da procuradora da República Patrícia Muxfeldt, para desmobilizar as colunas por alguns dias, pelo menos até o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) sinalizar se vai conseguir cumprir a promessa de adquirir 20 mil hectares para a reforma agrária no Estado ainda em 2007. O MST espera nova audiência com o MPF e o Incra, no dia 6 de novembro, para decidir se retoma ou desmobiliza as marchas.
A decisão também obedece a liminar da juíza Marlene Marlei de Souza, da Comarca de Carazinho, que impede sem-terra de marchar por Carazinho, Santo Antônio do Planalto, Coqueiros do Sul, Almirante Tamandaré do Sul e Chapada. Os sem-terra se aproximaram dessas cidades, anunciaram que descumpririam a ordem, mas recuaram. FONTE: Estado de São Paulo ? SP