O Globo Online; O Globo
RIO e SÃO PAULO - Um número ainda não esclarescido de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), da Via Campesina e de garimpeiros ocupou a Estrada de Ferro Carajás (EFC), na manhã desta quarta-feira, no município de Parauapebas (PA). Pela ferrovia passa o minério de ferro da maior mina da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).
Em nota, a Vale disse que cerca de 300 pessoas teriam agido com violência. Teriam feito reféns, por cerca de 30 minutos, o maquinista e quatro funcionários da empresa que manobravam uma locomotiva no local. Ainda segundo a companhia, os integrantes do MST teriam depredado a locomotiva com foices, facões e picaretas, e tentado quebrar os vidros das portas e janelas a golpes de picaretas. Um dos invasores teria dado ordem para atear fogo nas locomotivas e os manifestantes estariam vestidos de preto e encapuzados. O comunicado da Vale diz também que esta é a terceira invasão violenta do MST na estrada de ferro em menos de um mês. A companhia afirma ter registrado Boletim de Ocorrência na Polícia Civil do Pará narrando o acontecido, segundo relato dos empregados feitos reféns
A Vale informa ainda que enviou cartas ao Ministro da Justica, Tarso Genro, e à governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, reiterando preocupação com a gravidade da situação e alertando que a determinação da Justiça Federal de reintegração de posse da EFC continua sendo desobedecida. Os documentos solicitam também que os governos estadual e federal tomem todas as medidas necessárias para que haja o cumprimento da decisão judicial de desocupação da área;
Leia a íntegra da nota da Companhia Vale do Rio Doce
No dia em que integrantes do MST ocuparam a Vale, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu um grupo de líderes do movimento no Planalto. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, que participou do encontro, minimizou a reunião, que classificou como uma "reflexão conjunta do campo brasileiro". Entre os presentes estava João Pedro Stédile.
O MST confirmou a ocupação, que contaria com 6 mil pessoas, segundo o movimento. O objetivo dos ocupantes é exigir investimentos em educação e saúde na região e participação popular nas decisões da empresa, que "se apropria de forma privada de bens públicos, como a terra e recursos naturais". Para o MST "é medíocre a responsabilidade social da empresa", diante da alta lucratividade da Vale.
- Queremos colocar a reforma agrária e o gerenciamento dos nossos recursos naturais no centro do debate político sobre o desenvolvimento social e econômico para o estado do Pará - afirma Ulisses Manaças, da coordenação estadual da Via Campesina e do MST no Pará.
A estrada de ferro corta o assentamento Palmares, que tem 520 famílias, a 22 quilômetros do centro urbano de Parauapebas. Na pauta de reivindicação os manifestantes pedem, ainda, que a Vale do Rio Doce aumente a sua contribuição financeira ao governo pela exploração mineral. FONTE: Globo Online ? RJ