A ocupação da Fazenda Annoni é considerada um marco na história da luta pela terra e do próprio MST. A ocupação foi a primeira realizada por famílias já organizadas no MST, que foi criado em 1984, durante um congresso na cidade gaúcha de Erval Seco. Além disso, também foi uma grande conquista para os agricultores que estavam acampados desde o final da década de 70 na beira de estradas. Expulsos de suas terras, que haviam sido demarcadas como indígenas, e sem receber indenização do governo federal, os camponeses não tinham para onde ir. É o que relata a agricultora Irene Manfio, que é assentada na antiga Annoni.
"A Annoni foi, aqui na região, o marco da luta pela terra. Para as famílias, que conquistaram o seu pedaço de terra, à partir da ocupação da Annoni, puderam construir aqui a sua morada, o seu lugar. Antes, o que era um latifúndio improdutivo, produz comida, educação e cultura. Produzimos aqui 500 mil litros de leite por mês. Temos escolas, as comunidades, o trabalho que foi gerado. A Annoni foi um marco na história dessas famílias, do MST e da luta popular", afirma.
A Fazenda Annoni criava gado, mas abaixo da produtividade estipulada pelo governo. Foi o seu proprietário, Ernesto Annoni, que importou o capim annoni, que não se adaptou ao Estado e atualmente é considerado uma praga nos pastoreios. Atualmente, na área de nove mil hectares vivem 420 famílias, divididas em cinco assentamentos. Os agricultores produzem, entre outros itens, cerca de 20 mil sacas de trigo, 6 milhões de litros de leite e 35 mil sacas de milho por ano.
Os resultados obtidos pelos assentados da Annoni servem de estímulo para 1,7 mil sem terra que marcham, desde Setembro, em direção à Fazenda Coqueiros. O coordenador de uma das colunas da marcha, Mauro Cibulski, compara a Coqueiros, que possui também pouco mais de nove mil hectares, com a vizinha e antiga Fazenda Annoni.
"É um orgulho para o MST ter uma fazenda que nem a Annoni. E se compararmos com a Coqueiros, da família Guerra ali do lado, o contraste é bem explícito porque aquela fazenda gera apenas dois empregos diretos, ocupa uma área de 28% de Coqueiros do Sul e gera de imposto, para o município, apenas 6%, o que equivale o que produz quatro aviários de pequenos agricultores. Essa diferença expõe à sociedade que os assentamentos dão certo", diz.
As atividades de comemoração iniciam às 20:30h do sábado (3), no Camping Zambiasi, no Assentamento 16 de Março, em Pontão. Shows musicais, apresentação teatral e uma mística com a presença de lideranças antigas do MST integram as comemorações.
Agência Chasque FONTE: Vermelho.org