Da Reportagem
Depois de quase doze horas de bloqueio, militantes do Movimento Sem-Terra liberaram às 17 horas de ontem a BR-070, próximo a Cáceres (210 quilômetros a oeste de Cuiabá). O bloqueio realizado por cerca de 150 trabalhadores rurais sem-terra começou às 5h30, a partir de quando apenas ambulâncias e carros funerários passavam pela rodovia.
A reivindicação da presença de um representante do Incra de Brasília para negociar não foi atendida. Os manifestantes querem a agilização de processos de desapropriação de terras na região e melhoria na infra-estrutura de assentamentos rurais.
Eles só liberaram a rodovia, que liga Cuiabá a Cáceres, depois de conseguirem uma reunião com o juiz federal Paulo Cezar Alves Sodré, da Subseção da Justiça Federal de Cáceres. O juiz, ao concordar em receber uma comissão de trabalhadores, condicionou a reunião à liberação da rodovia federal.
A reunião aconteceu no final da tarde de ontem. O MST levou ao juiz a sua pauta de reivindicações, em que pede a aquisição de terras para a reforma agrária (fazendas Rancho Verde, Nossa Senhora Aparecida, Califórnia e Paraíso), além da agilização de processos e obras de infra-estrutura em assentamentos, como construção de poços artesianos, estradas, pontes, casas e obras de drenagem.
Na tarde de ontem, o juiz Paulo Sodré informou, através de sua assessoria, que não tinha conhecimento da pauta, mas que atenderia a comissão, após o encerramento do bloqueio.
Segundo a PRF, o protesto, apesar de gerar problemas a milhares de usuários da rodovia, transcorreu sem incidentes. Os pátios dos postos de combustíveis localizados em Cáceres e ao longo das rodovias BR-070 e BR-174 (Cáceres-Rondônia) ficaram lotados de carros.
No sentido Cáceres-Cuiabá, a fila de veículos chegou a uma extensão de 15 quilômetros e, no sentido inverso, a cinco quilômetros. A PRF avisou aos motoristas sobre os protestos em todos os postos existentes no percurso (Comodoro, Pontes e Lacerda, Cáceres, KM 120) e também no posto da PRE em Várzea Grande e nas rodoviárias, mas mesmo assim não foi possível evitar as filas.
No final da tarde, o MST divulgou uma nota explicando as razões do protesto e convocando a sociedade a refletir sobre a reforma agrária. "De 2002 para cá, sofremos oito despejos feitos pela polícia com ordens do governo do Estado e autorização do Poder Judiciário. Já ocorreu morte em acampamento fruto da ação truculenta de autoridades. Temos como reivindicação que o Poder Judiciário competente e responsável por algumas áreas que estão nesta instância defina sobre as mesmas, pois são processos que correm há anos", traz o movimento na nota encaminhada à imprensa. FONTE: Diário de Cuiabá ? MT