Esse desencontro está criando uma situação inusitada. Enquanto, em breve, começarão a funcionar as duas primeiras usinas beneficiadoras do combustível verde, com capacidade de produção conjunta de 168 mil toneladas do biodiesel, o Estado só dispõe de 10,6 mil hectares plantados com mamona. Precisaria para suprir a capacidade instalada de, pelo menos, 300 mil hectares plantados.
O descompasso revela a velocidade atribuída ao processo de industrialização, enquanto vem no segundo plano a mobilização do produtor rural, o mais necessitado de mercado certo para absorção de suas safras a preço justo. O Ceará demonstrou, em passado recente, dispor de terras adequadas ao cultivo da mamona e da fácil adaptação do sertanejo a esse tipo de cultura.
Evidentemente, as condições atuais são outras, tanto pelos novos critérios adotados para o plantio da mamona, priorizando a produtividade e a qualidade, como pela comercialização dirigida à linha de beneficiamento industrial para o primeiro estágio de extração do óleo.
Nesse vasto mercado do combustível verde, há espaço para pequenos, médios e grandes plantadores diante da carência de matéria-prima. Em 2008, o Estado espera investir R$ 21,5 milhões no Programa do Biodiesel, sendo R$ 18 milhões do poder público e o restante da Petrobras. A meta é alcançar o plantio de 55 mil hectares plantados com oleaginosas, incluindo-se a cultura do girassol.
Como essa cultura não tem tradição no Estado, há necessidade de ampla divulgação de suas potencialidades e de convencimento do produtor rural, tarefa atribuída à extensão rural. O Cariri se presta ao plantio consorciado de girassol com o milho, elevando os rendimentos auferidos na economia primária.
A Secretaria de Desenvolvimento Agrário zoneou inicialmente 97 municípios capazes de disseminar o plantio de mamona. Atualmente, oito já estão engajados na produção de oleaginosas. A meta para 2008 prevê alcançar 130 municípios, mobilizando 27.500 agricultores familiares. A mamona é cultura de verão, exatamente quando tem sido colhida a safra do milho e do feijão.
O Estado oferece garantia de aquisição por preço mínimo, fixado em R$ 0,70 o quilo de mamona, e em R$ 0,50 o de girassol. Essa providência é para evitar a ação dos atravessadores forçando a cotação de preços na compra das oleaginosas. Ao mesmo tempo, oferece subsídio de 50% na aquisição do calcário e do ácido bárico utilizados na preparação dos solos.
O essencial, entretanto, é a motivação do pequeno produtor, desenvolvendo-se um trabalho para convencê-lo a enxergar no combustível verde o negócio do futuro. FONTE: Diário do Nordeste ? CE