Com uma população superior a 1,3 bilhão de pessoas, a China tem 700 milhões de agricultores, que dispõem de 0,5 hectare para produzir alimentos, e eles conseguem ofertar ao mercado 582 milhões de toneladas. A propriedade é explorada pela família (pai, mãe e filho). Desde 2005, o governo chinês passou a repensar o modelo fundiário e vem doando terras aos agricultores. Assim, como no Brasil, a sucessão na agricultura é mais um dos grandes problemas daquele país, que se depara com o envelhecimento da população. Em contrapartida, o governo garante subsídios aos agricultores, como máquinas, equipamentos e insumos. Diferentemente do Brasil, os chineses não contam com assistência técnica e extensão rural pública e gratuita. Esses serviços são terceirizados na China. Mas, em contrapartida, aos agricultores chineses são oferecidos escolas técnicas de formação e cursos via internet. As semelhanças e as diferenças entre Brasil e China foram conhecidas de perto pela delegação brasileira da Missão Técnica, promovida pela Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural (ASBRAER), que desembarcou dia 17 último em Xangai. Na maior cidade daquele país, os brasileiros conheceram o Centro de Transferência de Tecnologia Moderna, fundado em 1994, que reúne os avanços da ciência agrícola e uma base para demonstração e propagação do conhecimento. Em uma área de 3 hectares, a chamada Casa Verde de Vegetais, Flores e Sementes de Xangai, permite ao visitante ter uma visão prospectiva do desenvolvimento da agricultura chinesa, voltada ao objetivo de atingir metas avançadas no estrangeiro e converter o modelo tradicional em uma atividade moderna. Neste sábado, a delegação retorna ao Brasil. Um quintal para produzir Xangai, com um território de 6,7mil km², abriga 23 milhões de pessoas, das quais 60% são agricultores com propriedades médias de 600m², o que equivale, em boa parte do Brasil, ao quintal de uma residência em área urbana. A reduzida dimensão dos imóveis rurais é um grande problema, conforme relatado à delegação brasileira pelas autoridades chinesas. Sob o rigoroso inverso chinês, com temperaturas abaixo de zero, no último dia 20, a comitiva brasileira foi recebida pelo presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIB), Charles Tang. O órgão movimenta US$ 4 bilhões em negócios no mundo em diversos setores da economia. No encontro, o dirigente da Câmara reconheceu que há pouca terra na China, daí o interesse em fortalecer a parceria com o Brasil, o que, na avaliação dele, seria bom para os dois países. Parceria De acordo com Charles Tang, a CCIB pode ajudar a agricultura brasileira com a intermediação na venda de máquinas e equipamentos, como tratores, ordenhadeiras, energia solar e, se houver interesse por parte do Brasil, a na implantação de montadoras desses equipamentos. Os representantes do Amazonas se interessaram pelos equipamentos de energia solar. O governo amazonense enfrenta dificuldades na execução do programa federal Luz para todos devido à fatal de estrutura de equipamentos e de estradas. De acordo com o secretário de Produção do Amazonas, Eronildo Braga Bezerra, o programa atingiu apenas 20% da meta estabelecida. De Xangai os brasileiros foram para Pequim, dia 21 último — terça-feira de carnaval no Brasil —, onde conheceram o setor de máquinas agrícolas do governo, ligado ao Ministério da Agricultura da China. A estatal chinesa é responsável por coordenar, fiscalizar, controlar e certificar as máquinas agrícolas daquele país. Para isso, dispõe de 101 funcionários, dos quais 45 atuam no setor técnico e 35 são engenheiros. As máquinas são desenvolvidas e produzidas levando em conta a necessidade e a demanda dos agricultores, que pagam os serviços desenvolvidos pela estatal. Na China, há várias formas de o agricultor adquirir máquinas: por meio de financiamento, direto nas empresas ou através de cooperativas. O governo subsidia 30% do valor do equipamento. Integram a Missão Técnica ASBRAER — Brasil/China: Júlio Zoé de Brito (ASBRAER e IPA); Jefferson Feitoza de Carvalho (Emdagro/SE e ASBRAER); Edimar Vizolli (Idam/AM); Eronildo Braga Bezerra (AM); Tanara Lauschner (AM); Sônia Sena Alfaia (AM); Antônio Hermínio Bezerra de Resende (CE); José Maria Pimenta (Emater-CE); Alberto Ercílio Broch (Contag); Jorge Luís de Oliveira Fortes (Agerpe/MA); Florindo Dalberto (IPA/PE); José Aldo dos Santos (PE); Hector Carlos Barreto Leal (ASBRAER) e Mariana Matias (ASBRAER). FONTE: Ascom ASBRAER