Agência Brasil, O Globo Online; Carolina Brígido, Evandro Éboli, Tatiana Farah e José Meirelles Passos - O Globo; Paulo Yafusso e Isonilda Souza - Especial para O Globo
RIO, BRASÍLIA E BONITO (MS) - O Ministério da Saúde confirmou na noite desta quarta-feira que subiu para dez o número de casos confirmados de febre amarela no país este ano. Desse total, sete pessoas morreram vítimas da doença. Segundo o ministério, duas dessas mortes foram confirmadas nesta quarta: uma em Luziânia e outra Abadiânia, em Goiás. Outros dois pacientes também tiveram a contaminação por febre amarela atestada por laudos: em Luziânia e São Caetano do Sul (SP). Na terça, o ministério contabilizava a confirmação de seis casos da doença. O número de casos supera os registros de 2006 e 2007 juntos, quando foram notificados oito casos. O número de óbitos neste ano também é igual à soma de mortes de febre amarela ocorridas em 2006 e 2007. O Ministério da Saúde já registrou 29 casos suspeitos só nestas primeiras semanas de 2008. Além dos dez confirmados, seis foram descartados e treze estão sob investigação. (Leitores tiram dúvidas sobre a febre amarela)
Morreu na noite de terça-feira no Hospital Anchieta, em Taguatinga, no Distrito Federal, mais um paciente com suspeita de febre amarela. Antônio Rates dos Santos, de 44 anos, estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em estado gravíssimo e não resistiu. Em nota assinada pelo médico Roberto Valente, o hospital informou que ele sofreu três paradas cardiorrespiratórias, sem resposta às manobras de ressuscitação.
O paciente deu entrada no hospital na terça-feira da semana passada com febre e dores. Em seguida, o quadro evoluiu para insuficiência renal e hepática. Desde sábado, o paciente estava na UTI. O hospital informou que Antônio passou o réveillon em uma fazenda próxima ao município de Abadiânia (GO) e não estava vacinado. ( Saiba como evitar a doença )
Os exames que vão confirmar se ele estava com febre amarela ou não só devem ser divulgados nos próximos dias. A primeira sorologia já foi feita e deu negativo, mas os médicos dizem que o exame feito na fase aguda da doença pode dar um resultado falso. Há mais dois casos suspeitos em análise no DF.
O subsecretário de Vigilância à Saude do Distrito Federal, Joaquim Barros, acredita que as vítimas contraíram a doença em Goiás e, portanto, são casos importados. Ele avisou que não haverá mudança na conduta do governo local no combate à febre amarela:
- Não precisa mudar, está tudo correto, tudo perfeito. Essas pessoas estiveram em áreas endêmicas em Goiás e não sei por que não tinham a vacina.
De acordo com os cálculos de Barros, desde 29 de dezembro, quando foi decidido intensificar a imunização da população do Distrito Federal, mais de 6 mil pessoas foram vacinadas em áreas rurais - regiões cercadas de matas e, por isso, com mais chance de focos da doença. Também receberam a vacina mais de um milhão de habitantes de áreas urbanas.
Em São Paulo, a única paciente que teve o diagnóstico de febre amarela silvestre confirmado e não morreu teve alta do Hospital São Luiz, no bairro do Morumbi. Depois de permanecer internada por nove dias, ela foi liberada porque seu quadro "evoluiu de forma satisfatória", conforme estava no seu boletim médico. O hospital não divulgou o nome da mulher.
Ela foi internada no último dia 6 com náuseas, vômitos e mal-estar. Ela esteve no Paraná e em Mato Grosso do Sul entre 27 de dezembro e 3 de janeiro, e visitou um parque ecológico. Ela não tinha sido vacinada.
De acordo com o boletim médico, a paciente foi liberada porque seu quadro clínico "evoluiu de forma satisfatória". Mesmo tendo contraído o vírus, não há risco de ela transmitir a doença, apesar de ter sido picada pelo mosquito Aedes aegypti, vetor da febre amarela nas áreas urbanas.
Em Bauru, um menino de 14 anos, com sintomas que coincidem com os da febre amarela e dengue, entrou na lista de suspeitas da febre amarela. A prefeitura tomou a medida porque o garoto esteve em Mundo Novo (MS), nos últimos dias.
Acaba a vacina nas duas maiores cidades de Mato Grosso
A Secretaria de Saúde de Mato Grosso informou na quarta-feira que não existem mais vacinas contra a febre amarela na capital, Cuiabá, e em Várzea Grande, segunda maior cidade do estado. O governo espera para esta quinta a chegada de um lote de 50 mil doses.
As autoridades do setor reconhecem que as unidades de saúde não estavam preparadas para a grande procura. Nos últimos dias, especialmente no fim de semana, os postos de vacinação ficaram lotados. No aeroporto internacional de Várzea Grande, funcionários tiveram que distribuir senhas.
Três mortos na terça-feira
Na terça-feira, foram confirmados mais três casos de morte por febre amarela no país. O Laboratório de Saúde Pública de Goiás divulgou laudo informando que o espanhol Salvador Perez de la Cal e a aposentada Maria Geraldina Siqueira faleceram vítimas da doença. Mais cedo, a Secretaria de Saúde do Paraná havia confirmado que o empresário Almir Rodrigues da Cunha, de 47 anos, também morrera por febre amarela.
As outras duas vítimas confirmadas são Cássio Silva Dorneles, de 24 anos, que morreu no dia 2, em Goianésia (GO) e o técnico em informática Graco Carvalho Abubakir, de Brasília, totalizando sete mortos.
Maria Geraldina é de Mogi das Cruzes (SP). Ela estava de férias em Ceres (GO) quando passou mal e foi internada num hospital particular no dia 8 de janeiro, morrendo no dia seguinte. Já o turista espanhol, de 41 anos, passou 15 dias em uma fazenda em Cristianópolis (GO) e foi para Goiânia com sintomas da doença. Ele morreu no sábado passado e a viúva, Marny Selma de Mendonça, vai propor ações por danos morais, omissão e negligência contra os governos do Brasil e da Espanha.
O empresário Almir Rodrigues morava em Maringá, no norte do Paraná, e passou 20 dias em Caldas Novas (GO). Ele morreu no dia 8. A informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde do Paraná, que descartou novos casos da doença no estado .
O rapaz de Goiás foi internado no dia 28 de dezembro e morreu em 2 de janeiro na cidade de Goianésia. Já Graco Abubakir morreu no dia 8 de janeiro, após passar o réveillon em Pirenópolis (GO), cidade histórica cujo comércio está sendo prejudicado com a repercussão sobre a doença.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Goiás outros casos estão sob investigação no estado. A secretaria interina, Maria Lúcia Carnelosso, informou que os casos já confirmados no estado até agora são da forma silvestre, contraídos em áreas de mata e regiões consideradas de risco.
- Está descartada a febre amarela urbana - garantiu.
Apesar de descartar risco de febre amarela urbana em Goiânia, profissionais do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) admitem que encontraram mosquito Aedes aegypti - transmissor da dengue e da febre amarela na zona urbana - na casa onde o espanhol ficou cerca de dez dias com sintomas da doença. O diretor do CCZ, Geraldo Edson Rosa, disse que o local foi borrifado para impedir que haja conexão entre o paciente infectado por febre amarela silvestre e o vetor que pode reurbanizar a doença. FONTE: Globo Online ? RJ