Em sua quinta edição, o Rally da Safra promovido pela Agroconsult adicionou às técnicas de mensuração das lavouras, pela primeira vez, a prosaica tarefa de verificação da presença de minhocas no campo. Com o trabalho, os técnicos buscaram verificar a conservação e o manejo do solo por meio do plantio direto, sistema que mantém palha e restos vegetais de outras culturas sobre a terra para melhorar a adubação e evitar erosão.
A sugestão da coleta de minhoca - inusitada para alguns técnicos - partiu do veterano agrônomo Fernando Penteado Cardoso, fundador, diretor e presidente, por mais de meio século, do Grupo Manah, das áreas de fertilizantes e pecuária de corte. Cardoso dedica-se hoje à Fundação Agrisus, ligada à agricultura sustentável.
Na etapa do rally que percorreu o sul do Mato Grosso, a busca resultou em apenas uma minhoca nos registros dos agrônomos. Em lugar das grandes propriedades de grãos visitadas pelas equipes, a minhoca unitária foi encontrada na agrovila localizada no interior do município de Campo Verde. No local, predominam lavouras de menor porte, de, em média, até 500 hectares. Os produtores dedicam-se não apenas ao plantio de soja, mas também a pequenas criações de frango e gado.
No norte do Estado, outros exemplares foram encontrados. Boa parte das propriedades utiliza esterco de frango na adubação ou fica em áreas próximas de matas nativas.
A presença ou não de minhocas não significa necessariamente o empobrecimento generalizado do solo. "Como no Mato Grosso faz muito calor, a matéria orgânica se decompõe com mais rapidez. Isso pode reduzir a alimentação das minhocas", diz Octavio Queiroz, agrônomo da da Ímpar Consultoria Agrícola.
Em sua estréia, a pesquisa não teve "caráter científico", segundo os técnicos, mas ajuda a verificar como está a condição da terra. A minhoca descarta cinco vezes mais nitrogênio, duas vezes mais cálcio, sete vezes mais fósforo e onze vezes mais potássio do que contém o solo do qual ela se alimenta. (PC) FONTE: Valor Econômico ? SP