O Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), maior linha de financiamento para micros, pequenas, médias e grande empresas de cunho social, operada pelo Banco do Nordeste (BNB) vai mudar substancialmente, a partir de junho próximo. Com inadimplência de R$ 450 milhões, o correspondente a10% dos R$ 4,5 bilhões da carteira de crédito ativa, o Programa terá o número de baterias (letras de A a E) reduzidas e ajustadas para cada plano de negócios.
A mudança, ainda em fase de conclusão, poderá alterar taxas de juros e prazos dos financiamentos, a forma e os critérios de concessão, operacionalização e de acompanhamento do crédito do Pronaf. A alteração foi confirmada na tarde de ontem, pelo diretor de Gestão de Desenvolvimento do BNB, Pedro Lapa, em cuja área está assentado o Pronaf.
Segundo ele, uma das principais alterações ocorrerá no Pronaf B, que atende pequenos agricultores familiares e produtores rurais, com financiamentos de até R$ 2 mil. Esse segmento já representa 50%, do total financiado pela instituição, o correspondente a cerca de R$ 2,25 bilhões.
Conforme Lapa, todo o Pronaf B dará lugar ao Agroamigo, um novo modelo de financiamento, que terá com fundamentação metodológica o CrediAmigo, outra linha de financiamento do banco. ´O foco (das mudanças) é melhorar o crédito´, declarou Lapa.
RefinamentoPara ele, as alterações representam um ´refinamento do Pronaf´, que, diante do elevado índice de inadimplência, exige maior acuidade na concessão dos créditos concedidos. Conforme explicou, apesar do Pronaf ser uma política social do governo Federal, ´para o Banco é um negócio´, que precisa render, gerar recursos, para tornar-se sustentável.
Segundo Lapa, além do BNB ampliar o rigor nas análises dos planos individuais de cada financiamento e dar maior orientação creditícia aos clientes, o novo modelo vai exigir também, maior acompanhamento técnico dos agricultores, produtores e demais beneficiados. Especificamente em relação aos produtores rurais, Lapa informou que caberá ao Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) garantir, através da Emater, maior e melhor assistência técnica no campo.
Com maiores orientações para o crédito e assistência técnica, avalia o executivo, o cliente terá menores problemas com a produção, ampliará os resultados, o que lhe permitirá pagar o financiamento em dia e reduzir a inadimplência.
TransiçãoDiante das mudanças no Pronaf, Lapa informa que as regras finais ainda estão sendo definidas e que não trarão prejuízos para os contratantes do atual modelo. ´Inevitavelmente, teremos uma fase de transição´, acredita o executivo.
Ele explica ainda que, pela sua magnitude e pelo volume de recursos que envolve, o Pronaf deve e precisa ser aprimorado constantemente. Lapa esclarece que os estudos para alteração do Programa começaram a ser realizados em janeiro último, em comum acordo com todos os setores envolvidos, incluindo representantes do BNB, do MDA e de movimentos sociais e da extensão rural. A última reunião foi dia 11.
FONTE: Diário do Nordeste - 18/04/08