A presidente do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Rondon do Pará, Maria Joel Dias, escapou da morte outra vez na terça-feira. A sindicalista tem o nome inscrito em uma lista de marcados para morrer no estado e, por isso, tem proteção policial constante.
Luis Gonçalves da Silva e Antônio de Jesus foram presos em flagrante no dia 25. Segundo Maria Joel, Gonçalves a procurou na noite de terça-feira. O pistoleiro propôs que, no dia seguinte, a sindicalista pagasse R$ 300 em troca de sua vida. "Ele disse que não me mataria, porque admirava meu trabalho. Mas falou que precisava do dinheiro para fugir da cidade, pois se não me matasse pagaria com a própria vida", conta.
Orientada pela delegada Daniele de Souza, de Belém (PA), Maria Joel entregou os R$ 300 para Gonçalves na manhã do dia 25. Em contrapartida, ele informou que José Décio Barroso, Delsão, encomendou o crime por R$ 2 mil. A Polícia Civil de Rondon do Pará acompanhou o encontro e prendeu os suspeitos. Eles serão removidos para Belém por medidas de segurança.
Reincidente - Delsão é o principal suspeito de ser o mandante do assassinato do sindicalista José Dutra da Costa, Dezinho, em novembro de 2000. Dezinho era casado com Maria Joel. Em março, o juiz José Aroldo Silva da Fonseca, da Comarca de Rondon do Pará, inocentou Delsão alegando falta de provas. "Espero que a justiça apure essa tragédia. Mais uma vez escapo da morte. E, agora, quem aparece é o principal acusado da morte do meu esposo", lamenta.
Um levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) indica que, nos últimos 30 anos, mais de 700 assassinatos aconteceram na área rural do estado do Pará. Apenas quatro fazendeiros, mandantes de crimes, teriam sido condenados pela Justiça, segundo a comissão
Angélica Cordova