17 de Outubro de 2007 - 19h38
Paloma Santos
Da Agência Brasil
Brasília - Cerca de 200 famílias do Projeto de Assentamento Liberdade interditam desde a madrugada de hoje (17) a estrada que dá acesso ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Baguari, em Governador Valadares (MG). Os manifestantes estão a cerca de 1 quilômetro das obras.
Segundo a coordenadora da Via Campesina na região, Vânia Maria de Oliveira, a barragem para a construção da usina vai inundar o assentamento onde vivem. Por isso, eles reivindicam a reforma agrária na região.
"Não queremos dinheiro, queremos terra. Existem tantos recursos para o PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] e para o agronegócio, mas a reforma agrária não é prioridade".
De acordo com Oliveira, o Consórcio Neoenergia, responsável pelas obras, e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) afirmam que, embora a barragem já esteja sendo construída, a inundação só ocorrerá entre 2 e 3 anos.
A coordenadora também diz que ambos garantiram uma nova área para as famílias atingidas, mas até agora nada foi resolvido. "Eles disseram que ainda tem tempo para resolver essa questão, mas nós temos pressa, porque as obras estão aceleradas".
Ainda segundo ela, a estrada vai continuar interditada até que o consórcio e o Incra apresentem uma proposta concreta aos manifestantes.
O superintendente do Incra em Minas Gerais, Marcos Helênio Leoni Pena, disse que a manifestação é pacífica e que o órgão conversou com a coordenação do movimento.
De acordo com ele, a mediadora de conflitos do órgão, Moema Rocha, irá em breve ao local para dar início às negociações.
Em comunicado oficial, o Incra-MG afirma que o processo para o reassentamento das famílias já está em andamento e que o consórcio é o responsável por adquirir um novo imóvel rural para as famílias com tamanho e capacidade produtiva equivalentes.
Também diz que, embora o reassentamento seja de responsabilidade da usina, os atingidos por barragens que tenham o perfil de beneficiário do Programa Nacional de Reforma Agrária serão assistidos pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e pelo Incra no que consiste ao acesso a políticas públicas.
O Consórcio Neoenergia foi procurado pela reportagem da Agência Brasil. Até o fechamento desta reportagem, as ligações não foram atendidas e não houve resposta à solicitação de entrevista enviada por e-mail. FONTE: Agência Brasil ? DF