ANA LÍGIA VASCONCELLOS
Gazeta de Ribeirão
O modelo de assentamento que será adotado pelo Incra na fazenda da Barra, em Ribeirão Preto, deverá contemplar mais famílias do que o estudo preliminar previa. Em vez do projeto tradicional, será implantado um projeto de desenvolvimento sustentável, semelhante ao de Serra Azul, com lotes menores - na cidade vizinha, eles são de 3,6 hectares - e áreas comuns para o plantio. O sistema se baseia na preservação da mata, atividade extrativista e agricultura familiar.
Embora o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) confirme que não haverá divisão de lotes para o plantio, só para casas e áreas de convivência, o que permitiria beneficiar mais que as 232 famílias previstas no estudo feito antes da imissão de posse, o órgão não divulga a capacidade da fazenda. Em nota, disse que a definição depende de estudos técnicos, já iniciados e sem previsão de término.
Cerca de 630 famílias vivem em barracos e construções provisórias na fazenda da Barra, ocupada desde 2003. Até agora, 516 foram cadastradas, mas não é certo que todas receberão um lote. Segundo o Incra, o processo de seleção está em andamento. Entre os critérios para classificação, estão tempo de experiência, composição familiar e idade.
"O MLST não abre mão das famílias que estão na fazenda. Não faz sentido retirar quem está produzindo e deixar pessoas que não têm tanto a ver com terra", disse Marcos Praxedes, membro da direção nacional do MLST, um dos três grupos que ocupam a área. Os outros são: MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), e Movimento Independente Índio Galdino.
A falta de consenso entre os três acampamentos está retardando o processo de assentamento, segundo a Gazeta apurou. A imissão de posse da fazenda foi concedida pela Justiça Federal ao Incra há nove meses, mas a partilha de terra e as obras de infra-estrutura não avançaram.
"Para que seja resolvido rapidamente, precisamos sentar e discutir, mas estamos encontrando dificuldade [em falar com os outros grupos]. O Incra não quer e não pode ser pivô de uma disputa por fronteiras. Se ele for impositivo, pode causar um confronto interno. É preciso ter cautela para promover acordo", disse Praxedes.
A Gazeta procurou representantes do MST, mas o grupo não quis dar informação. A reportagem não encontrou representantes do movimento Índio Galdino. FONTE: Gazeta de Ribeirão ? SP