Brasília - Em quatro dos cinco discursos que fez durante sua visita a Gana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu em defesa dos biocombustíveis. Não foi diferente em sua intervenção em painel sobre o desenvolvimento na África, hoje (21).
"A produção de biocombustíveis é uma área em que podemos colaborar muito com os países africanos. O estímulo aos biocombustíveis associa objetivos importantes de políticas públicas: a criação de empregos, a geração de riqueza e a redução de emissões de gases de efeito estufa", disse, destacando que a África tem sido prioridade da politica externa brasileira desde seu primeiro mandato.
Lula citou o próprio caso brasileiro para defender a produção de biocombustíveis. De acordo com o presidente, a produção do etanol possibilitou o ingresso de mais de 1 milhão de pessoas no mercado de trabalho. Além disso, acrescentou, o uso de álcool combustível evitou a emissão de 644 milhões de toneladas de CO2 nos últimos 30 anos. "A produção brasileira não envolve subsídios, não ameaça a Região Amazônica e não reduz o volume de alimentos. Estamos dispostos a compartilhar com a África os conhecimentos que adquirimos", reiterou.
Com Gana, já está em andamento projeto para plantio de 27 mil hectares de cana-de-açúcar para produção de 150 milhões de litros de etanol por ano, destinados ao mercado sueco. A iniciativa conjunta, que envolve investimentos do setor privado brasileiro e tem apoio tecnológico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), também possibilitará a produção de 47 megawatts de eletricidade a partir do bagaço de cana.
No entanto, a produção de biocombustíveis não foi o único caminho proposto por Lula para o desenvolvimento econômico africano. O presidente sugere que a África produza alimentos para suprir o crescimento da demanda interna e mundial, ao lado das demais nações em desenvolvimento. Para isso, pede a abertura dos mercados desenvolvidos e o fim dos subsídios concedidos pelos países ricos aos seus agricultores.
"No caso de muitos países do [Hemisfério] Sul, em particular no continente africano, o setor agrícola tem um papel central. O acesso desimpedido de seus produtos agrícolas aos grandes mercados mundiais é imprescindível para a geração de riqueza e o progresso social. Assim como é, também, a eliminação dos milionários subsídios concedidos pelos países ricos a seus agricultores", discursou Lula no painel sobre alternativas de desenvolvimento para a África.
"A carência que hoje observamos está relacionada com as práticas protecionistas dos países ricos. A produção de alimentos em países em desenvolvimento foi muito desestimulada pela existência de produtos subsidiados no mercado internacional", afirmou.
Lula defendeu ainda iniciativas de fortalecimento da capacidade produtiva dos países em desenvolvimento a partir da diversificação da produção e da promoção do desenvolvimento rural; o aprofundamento da cooperação financeira entre os bancos de desenvolvimento dos países do [Hemisfério] Sul; e investimentos públicos em infra-estrutura.
FONTE: Agência Brasil - 21/04/08