Isabel Braga e Luiza Damé - O Globo
BRASÍLIA - Os líderes de seis centrais sindicais, que nesta quarta-feira realizaram uma marcha pelas avenidas de Brasília, encerraram o dia comemorando o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao projeto que ressuscita o imposto sindical. Lula, que como sindicalista era contrário ao imposto obrigatório, disse que vai mobilizar a base aliada na Câmara para manter o tributo, derrubado pelos deputados e recuperado pelos senadores.
Na reunião, de cerca de 40 minutos, Lula disse que o imposto não pode ser extinto sem a criação de um mecanismo de financiamento do movimento sindical. Ele criticou a decisão da Câmara, que extinguiu o imposto sindical dos trabalhadores, mas manteve o dos empregadores.
- O presidente prometeu mobilizar a base para evitar outra surpresa na Câmara. Os ministros vão trabalhar para manter o que foi aprovado no Senado - disse o vice-presidente da Força Sindical, Heleno Bezerra.
Depois de três horas e meia de espera, numa reunião fechada, Lula prometeu enviar ao Congresso duas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT): a que assegura o direito de negociação sindical aos servidores públicos e a que proíbe a demissão imotivada. O presidente garantiu ainda a participação de um representante dos empregados no conselho de administração das estatais.
Os sindicalistas partem agora para novo lobby: aprovar no Congresso projetos que reduzem a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. O pleito foi o carro-chefe da marcha. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), foi ao palanque montado pelas centrais em um caminhão de som e prometeu retomar o debate sobre a redução da jornada e outros temas da reforma trabalhista.
A promessa dos sindicalistas era reunir, em Brasília, de 40 mil a 50 mil pessoas. Segundo a Polícia Militar, o evento reuniu cerca de 20 mil pessoas no momento de pico e de 8 mil a 10 mil no ato realizado em frente ao Congresso. Além de Chinaglia, outros deputados e representantes das centrais sindicais que organizaram o ato discursaram.
O tema predominante foi a redução da jornada de trabalho. A pauta da Câmara está trancada por cinco medidas provisórias e, para não tumultuar ainda mais a votação da CPMF no Senado, a base aliada não está permitindo a análise dos textos sobre a legalização das centrais sindicais, o que trata da manutenção do imposto sindical. O presidente Chinaglia disse ontem que dificilmente este projeto será apreciado este ano. FONTE: Globo Online ? RJ