Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes, completaria 64 anos no dia 15 de dezembro se estivesse vivo. Ele morreu em uma tocaia aos 44 anos em 1988. Sua história de luta pela organização dos seringueiros e preservação da Floresta Amazônica ficou conhecida por jovens e adultos do mundo inteiro.
Neste 2008, o Acre lembra os vinte anos da morte do homem que foi responsável pela mais eficaz militância ecológica já ocorrida no País, tornando-se símbolo da luta contra a devastação da floresta e conservação do modo de vida dos seus habitantes, fossem índios, seringueiros, ribeirinhos ou pescadores.
Mesmo depois de 20 anos, o brasileiro não fala em preservação do meio ambiente sem lembrar do nome de "Chico Mendes". Os jovens da atual geração não o conheceram, mas aprenderam a admirá-lo e respeitá-lo como um herói. Muitos livros foram escritos sobre a sua luta e os momentos que antecederam sua morte.
Na obra "Terra: Sonho, Suor e Sangue", escrita pelo jornalista Cezar Negreiros, o também jornalista Francisco Dandão faz uma narrativa dos fatos e convida o leitor para uma viagem no tempo. Na forma de expressão do autor, quem lê passa a observar as últimas cenas da vida do líder e a ação covarde de seus algozes como se estivesse presente ao local.
O jornalista relata as últimas cenas da vida de Chico Mendes. "Não chegou, porém, a botar o pé no último degrau. Caroços de chumbo voadores, saídos de um breve lampejo na escuridão, cravaram-se no seu peito. Um último arfar e um corpo de quarenta e quatro anos desabava de encontro ao solo. O sangue fugidio arrastava a vida para as trevas. A floresta amazônica perdia Chico Mendes, provavelmente seu mais ardoroso defensor."
O crime que abalou o Vale do Acre aconteceu por volta das 18h45 do dia 22 de dezembro de 1988, conforme relato do seringueiro Pedro Rocha a um repórter de Rio Branco que se encontrava na comunidade. Ele conta que os matadores ficaram escondidos no canto da cerca, aguardando o sindicalista descer para tomar banho. Em poucos segundos, escutaram o tiro que atingiu em cheio o peito de Chico. Enquanto os policiais militares corriam na direção do quartel em busca das armas, ainda tentaram reanimá-lo, mas ele acabou morrendo a caminho do hospital Epaminondas Jácome.
Velório e enterroAinda de acordo com a narrativa do livro, o corpo do sindicalista foi encaminhado para o Instituto Médico-Legal em Rio Branco e depois velado na Catedral Nossa Senhora de Nazaré. Na seqüência, o corpo de Chico foi levado de volta Xapuri, onde ocorreu o enterro. Já na cidade onde nasceu, o sindicalista foi velado na igreja matriz de São Sebastião e contou com a presença de grandes lideranças, a exemplo do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na época era presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) e seu amigo pessoal.
O assassinato de Chico Mendes, ocorrido a mando do fazendeiro Darli Alves, não ficou impune: os algozes foram julgados e condenados a prisão. Porém, a saudade dos amigos ainda persiste, assim como dos filhos e familiares que tiveram que conviver com sua ausência. O certo é que ainda hoje a ideologia de Chico ecoa com força renovada na voz de cada homem, mulher, jovem ou criança que entende o valor do meio ambiente para a vida. FONTE: Val Sales