São Paulo, 4 de Junho de 2008 - Os produtores de arroz do Rio Grande do Sul estão ganhando mais pelo produto colhido neste ano, mas já se preparam para um gasto maior na próxima lavoura. De acordo com levantamento do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), que será apresentado hoje ao governo, na reunião com o setor produtivo, o custo médio da safra 2008/09 está 22% mais caro que o da atual. No entanto, até o momento, os valores médios praticados pelo produto são 48% superiores ao mesmo período de 2007, de acordo com a Safras & Mercado.
O levantamento do custo será um dos argumentos do setor para que o governo não "desove" seus estoques de forma rápida, o que poderia reduzir drasticamente os preços do cereal e, com isso, a área plantada para a safra 2008/09, o deixando a cotação média do grão mais elevada também em 2009.O estudo do Irga mostra que o desembolso para o próximo plantio é de R$ 32,06 por saca (50 quilos) - atualmente, o valor pago pelo grão no estado é de cerca de R$ 33 a saca, para um custo de R$ 26 a saca. "O gasto ainda pode subir, pois muitos insumos estão tendo reajustes", diz o presidente do Irga, Maurício Fischer. Ele acrescenta que nem 30% dos produtores adquirem os insumos nesta época do ano. Segundo o levantamento, o maior aumento de uma safra para a outra ocorreu com o adubo: 103% - o insumo representa cerca de 10% do custo total da lavoura. Um estudo semelhante, da Cogo Consultoria Agroeconômica, mostra que no plantio do ano passado o arrozeiro precisava de 24,90 sacas (60 quilos) para comprar uma tonelada de fertilizante. Em 2008 vai precisar de 31,90 sacas. "Este ano é um ano em que, se o governo permitir, o custo será coberto pelo preço, incentivando o plantio. Mas, por outro lado, com o custo mais alto, o produtor terá de fazer bem as contas", diz Carlos Cogo, diretor da consultoria.
O presidente da Federação dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, diz que os produtores já estavam alertando o governo que o custo da próxima safra deve ser mais alto. "Agora fica confirmado oficialmente", afirma. Ele lembra que parte do custeio da lavoura é financiada, mas outra é bancada pelo produtor, por meio da comercialização da safra anterior. "O financiamento não cobre tudo. Por isso é importante o produtor ter preços acima dos custos, o que não vinha ocorrendo nas últimas safras", afirma Rocha. O dirigente alerta também para o fato de, em algumas áreas do estado, haver déficit hídrico, o que poderia inviabilizar o aumento da área plantada da próxima safra. O presidente do Irga acrescenta ainda que, enquanto o governo toma medidas para "segurar o preço do arroz, não faz nada em relação aos insumos". Entre os herbicidas, a alta foi de 10%, mesmo valor para a mão-de-obra.
FONTE: Gazeta Mercantil - 04/06/2008