Cinco mil jovens chegam à capital federal nesta segunda-feira (26) para participar do 2º Festival Nacional da Juventude Rural. Eles reivindicam as condições sócio-econômicas necessárias para permanecerem no campo
A sucessão rural é o tema principal do evento promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) no período de 26 a 30 de julho. Os jovens vão debater políticas públicas de educação, saúde, reforma agrária, crédito agrícola e direitos humanos com representantes do governo federal (MEC, Incra, Secretaria de Reordenamento Agrário, Secretaria de Especial de Direitos Humanos, etc.), universidades públicas, organismos internacionais (OIT) e organizações não-governamentais. A Carta Proposta da Juventude Rural será entregue ao presidente Lula na terça-feira (27), às 10h, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília, durante a abertura do 2º Festival Nacional toda Juventude Rural. O documento contém reivindicações de acesso à terra, educação de qualidade, crédito agrícola e fundiário, políticas de inclusão digital, entre outras. Os jovens vão fazer uma caminhada na Esplanada dos Ministérios na quarta-feira (28) pela manhã e nos dias seguintes participarão de uma série de mesas temáticas, atividades esportivas, oficinas de capacitação e atividades culturais. Os dados da Pesquisa por Amostragem de Domicílio (PNAD) de 2008 revelam que atualmente 8 milhões de jovens vivem no meio rural. Isso representa apenas 16,3% da população jovem brasileira (49 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos). As poucas pesquisas existentes também apontam que, apesar de valorizar o meio rural e gostar da vida na agricultura, a juventude, sobretudo as mulheres, está migrando para as cidades em busca de melhores perspectivas de vida. O professor da Universidade Federal de Viçosa (MG), Marcelo Miná, afirma que um dos fatores que levam os jovens a trocar o campo pela cidade é o difícil acesso à educação. “Como os jovens podem realizar projetos de vida e profissionais se têm dificuldades de acesso à educação pública e de qualidade?”, questiona. A secretaria de Jovens da Contag, Elenice Anastácio, aponta o modelo fundiário arcaico como outro fator para o envelhecimento do campo. “A concentração da terra no nosso País é muito grande e as propriedades familiares são pequenas. É por isso que precisamos aprofundar e redirecionar a implementação do Programa Nacional de Reforma Agrária”, cobra Elenice. O professor da Marcelo Miná acrescenta que a falta de terra e a inviabilidade econômica de repartir as pequenas propriedades familiares geram o problema adicional da transmissão do patrimônio. “Quem herdará a terra dois pais? Como não há espaço para todos, muitos jovens buscam fora da unidade familiar opções de trabalho e renda”. Ele propõe que esse círculo vicioso seja superado com a associação das políticas públicas de educação com os programas de reforma e reordenamento agrário para oferecer opções de acesso aos jovens à terra para trabalho, moradia e constituição de novas famílias de agricultores familiares. “Estes desafios se impõem aos governos e à ação política dos jovens rurais que, rompendo a invisibilidade imposta, ocupam a cena pública com suas demandas e visões de mundo”, propõe o doutor em Ciências Sociais pelo CPDA/UFRRJ.
Serviço O que? – 2º Festival Nacional da Juventude Rural Quando? 26 a 30 de julho Onde? Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, em Brasília Quem? – 5 mil jovens rurais mobilizados pela Contag, Fetags e STTs Mais informações . A programação do 2º Festival Nacional da Juventude Rural está disponível no endereço www.contag.org.br FONTE: Erika Menezes, Agência Contag de Notícias