Maurílio Trindade Aun
de Colniza
Com dezenas de problemas fundiários e considerada uma das cidades mais violentas de Mato Grosso - pelo menos nas estatísticas - a cidade de Colniza assiste a um fato no mínimo estranho: a presença permanente de um grupo de policiais militares na Fazenda Magali, recentemente alvo de ação de reintegração de posse, com a expulsão de aproximadamente 200 pessoas. A presença da PM no local faz parte da decisão judicial, que determinou a manutenção de posse da fazenda por 70 dias. Cada policial recebe uma diária de R$ 60,00 para garantir o cumprimento da decisão judicial.
Na última segunda-feira, três defensores públicos federais Glauber da Silva, Cleide Nascimento e Lidiane Marques estiveram em Colniza para acompanhar o processo. Eles estiveram no Fórum, mas não conseguiram acesso ao processo. O juiz Roger Augusto Bim Donega orientou-os para que fizessem um requerimento, pedindo vista do processo com designação - o que causou constrangimento, já que o processo não está correndo em segredo de Justiça; e nem tem motivos para tal. O magistrado não quis se manifestar sobre o assunto.
Líderes ruralistas afirmam que os proprietários da área em questão, inclusive, teriam contratado seguranças particulares para agir em caso de invasões. Esses seguranças seriam pessoas procuradas pela Polícia. Oficiais militares, contudo, disseram desconhecer o assunto e prometeram investigar o caso.
A Prefeitura de Colniza, Câmara Municipal e o Comitê Estadual de Assuntos Fundiários no Estado, junto com a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado (Fetagri), em acordo com os proprietários, acertaram a doação de 5 mil hectares para assentar 100 famílias numa pequena agrovila com todos os atendimentos por parte dos poderes públicos. Todavia "já se passaram mais de 30 dias e ate agora nada dos compromissos assumidos foram cumpridos", segundo Mario Francelino Viera, da Fetagri.
As casas construídas pelos posseiros, segundo o movimento rural, estão sendo queimadas. Esse fato, leva a concluir que os proprietários não estão pensando em cumprir o acordo firmado. "Se estivessem iriam primeiro negociar com os interessados" - destacou. Na desocupação, em função do acordo, não houve resistência.
Para acelerar e esclarecer de vez estes problemas, o sindicato dos trabalhadores rurais de Colniza, Fetagri e Associação dos Trabalhadores Rurais de Nova Bauru, estiveram em reunião com o prefeito de Colniza, Sergio Bastos dos Santos, na semana passada. Eles pediram novamente que o prefeito tome as providencias para acelerar as medidas necessárias para assentar as 100 famílias prometidas, pois eles acreditam que mais uma vez estão sendo enganados pelas promessas da proprietária. O prefeito garantiu que irá tomar as medidas possíveis - inclusive quanto as denúncias encaminhadas.
"Estamos somente preocupado com o comprimento do acordo firmando em Cuiabá, onde os proprietários garantiram a doação dos 5 mil hectares para assentarmos 100 famílias que se enquadrem dentro do projeto de reforma agrária, delimitando imediatamente a área para que a Intermat possa fazer a demarcação; para agilizar o assentamento que será conduzido pela Fetagri e Sindicato e ao mesmo tempo, cumpra a promessa de montar o escritório para resolver os demais casos de posseiros que estavam lá, mas que tenha interesse e condições de comprar a terra que estavam; queremos simplesmente o melhor para o nosso município resolvendo tudo dentro da legalidade" - garantiu o prefeito. FONTE: 24 Horas News ? MT