LUIZ CARLOS DA CRUZ
Colaboração para a Agência Folha, em Cascavel
A Justiça mandou soltar os sete agentes de segurança presos após confronto armado que deixou dois mortos (um sem-terra e um vigilante) na fazenda experimental da multinacional Syngenta Seeds, no último dia 21, em Santa Tereza do Oeste (541 km de Curitiba).
O alvará de soltura foi concedido hoje pela juíza Sandra Regina Bitencourt Simões, da comarca de Cascavel. O confronto ocorreu durante a terceira invasão da área por sem-terra ligados à Via Campesina e ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Os seguranças devem deixar a prisão amanhã de manhã.
O advogado Hélio Ideriha Júnior, defensor dos seguranças, afirmou que investigadores do Cope (Centro de Operações Policiais Especiais) estariam coagindo os seguranças e tentando arrancar confissões forçadas."É um criminoso desrespeito ao direito constitucional, anteriormente evocado pelos seguranças, de se manifestar somente em juízo", disse.
O delegado Renato Batista Figueroa rebateu as acusações. "São denúncias caluniosas. Entendemos que é uma estratégia da defesa para desviar o foco das investigações", declarou.
Hoje pela manhã, a polícia chamou um grupo de 12 sem-terra ligados à Via Campesina para fazer o reconhecimento dos seguranças.
A pedido do advogado dos vigilantes, a polícia autorizou também o reconhecimento inverso. "Solicitamos que os sem-terra também fossem reconhecidos, porque entendemos que a investigação está sendo conduzida de maneira parcial", disse Ideriha.
"Os seguranças voltaram [à Syngenta após a invasão da área] não para resgatar objetos, mas com ânimo de execuções", disse o delegado. A polícia trabalha com essa hipótese com base em depoimentos dos sem-terra, principalmente de Izabel Nascimento de Souza, que levou um tiro no olho direito e perdeu a visão. Segundo o delegado, a mulher estava ajoelhada quando foi alvejada. FONTE: Folha Online ? SP