Nos dias 22, 23 e 24 de agosto foi realizado, em Brasília, o encontro presencial do 1º módulo do “Curso Comunicar o nosso mundo para semear Margaridas”, que teve como tema central “Jovens Margaridas semeando a Comunicação Popular Feminista”, e como tema gerador “Política, Poder, Comunicação Popular, feminismo e tecnologias”.
Os objetivos desse módulo foram debater a tecnologia como dispositivo de poder e a comunicação como elemento de disputa hegemônica; discutir a importância de uma comunicação popular que, além de comunicar o nosso projeto de sociedade, traz o feminismo na narrativa; e pensar estratégias de comunicação popular que dialoguem com a campanha eleitoral, Marcha das Margaridas e Festival da Juventude.
Foto: César Ramos
A abertura política foi feita pela secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora da Marcha das Margaridas, Mazé Morais, pela secretária de Jovens, Mônica Bufon, e pela secretária de Meio Ambiente, Sandra Paula Bonetti.
As dirigentes destacaram a importância de cursos como esse para avançarmos na organização e luta das mulheres a partir de uma comunicação popular e feminista, bem como a sua contribuição para o fortalecimento da Marcha das Margaridas e do Festival Nacional da Juventude Rural, entre outras ações.
Foto: Verônica Tozzi
Ainda na manhã do primeiro dia, a deputada federal Erika Kokay (PT-DF) esteve presente e contribuiu com a abertura política e assinou a Carta-Compromisso para Candidatas e Candidatos às Eleições 2022. “Coragem é coisa de nascença das mulheres. Todas as pesquisas mostram que serão as mulheres que irão retirar a faixa presidencial de um fascista. É em ciranda que o Brasil voltará a ser justo quando retirar todas as nossas dores”, destacou a parlamentar.
Após a abertura foi realizada a mística do “Rio da Vida”, que emocionou a todas e proporcionou um momento de descoberta, de autoconhecimento e de reafirmação das mulheres como protagonistas de suas vidas e do seu caminhar.
Foto: César Ramos
A análise de conjuntura foi feita pela assessora da CUT, Thalita Coelho, que trouxe o contexto atual do País e as narrativas antidemocráticas, conservadoras e fascistas no cenário das eleições 2022. Thalita destacou questões sobre sociedade capitalista, gênero e identidade, o quanto o fato de ser mulher é colocado no campo da desigualdade e de inferioridade. “Precisamos quebrar essa visão de tratar as mulheres como as únicas responsáveis pelo trabalho doméstico e de cuidados, como se as mulheres não tivessem o direito de existir. A atual estrutura política anula as mulheres e amputa os seus sentimentos”, denunciou.
Comunicação Popular Feminista
Com o objetivo de compreender o que é e como se constrói a comunicação popular feminista, esse tema foi bem aprofundado em uma exposição dialogada com as companheiras Débora Guaraná, do SOS Corpo e da Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), e Bianca Pessoa, da Marcha Mundial de Mulheres, bem como ao longo de toda a programação desse 1º módulo.
“Como ganhar mentes e corações com uma comunicação feminista? A gente sempre soube fazer comunicação mesmo antes de todos esses suportes tecnológicos. A gente sempre fez comunicação também com o corpo, seja no gestual, tocando tambor, com o olhar, e, por isso, precisamos cuidar do nosso corpo. O feminismo olha com cuidado para essas questões, com práticas de proteção e com envolvimento da ética”, explicou Guaraná.
“O nosso corpo é o nosso território. É histórico o processo de tentativa de deslegitimar a luta das mulheres, pela mídia e pela sociedade. É atual a disputa para colocar as pautas das mulheres em evidência. A comunicação popular e feminista é, necessariamente, coletiva, afinal, o feminismo é coletivo. Precisamos refletir sobre o que queremos comunicar, qual a sua agenda, como a comunicação tem contribuído. Que processos como este sejam fortalecedores da pauta feminista dentro das nossas organizações e não que seja um debate a cada quatro anos. Feminismo é querer um mundo melhor!”, destacou Bianca.
Também foi realizada a Oficina de Agitação e Propaganda com o Levante Popular da Juventude. Foi trabalhada a estratégia do Teatro do Oprimido como forma de comunicar as lutas feministas.
Na noite do primeiro dia aconteceu a exposição dialogada com o tema “Origem da internet e o histórico da comunicação em redes”, com a jornalista Bia Barbosa. O objetivo foi compreender a internet como dispositivo de poder e a comunicação como elemento da disputa hegemônica.
Foto: Verônica Tozzi
No segundo dia, os conceitos de Comunicação Popular Feminista foi aparecendo com mais clareza para as jovens margaridas. Foi realizada uma dinâmica e também um trabalho em grupos onde cada companheira conceituou o que entende e o que sente como Comunicação Popular Feminista.
“Nós por nós, resistência, troca de saberes, empoderamento feminino, luta contra a desinformação, denunciar todo o tipo de violência, mulheres em movimento, posicionamento, nosso corpo comunica...”, foram alguns dos conceitos que brotaram dessa vivência.
Nesse trabalho em grupos também foram identificadas algumas questões, como o que fazem, como fazem e o que dá certo, se o que fazem é comunicação popular feminista e quais os desafios que enfrentam.
Oficina Prática
Antes de praticarem a produção de materiais com a companheira Alessandra da Eita Comunicação, na terça (23) à tarde foi feita uma exposição dialogada sobre “Redes Sociais e o uso adequado das linguagens, formatos e ferramentas. Na sequência, foi realizada a Oficina de Canva, ferramenta de produção de cards, story, vídeos, entre outras peças direcionadas para as redes sociais.
Foto: Fabris Martins
Os cards produzidos foram apresentados no último dia do curso para todas conhecerem as produções e feito um diálogo sobre cada um deles, as dificuldades encontradas no uso da ferramenta e ainda repassadas mais algumas dicas.
Chegando ao encerramento do curso, foram apresentadas informações sobre o Tempo Comunidade, sobre a Plataforma Moodle e orientações práticas para a produção de conteúdos.
O curso será finalizado em julho de 2023. Até lá, serão trabalhados três módulos com encontros presenciais e virtuais, bem como serão realizadas atividades no Tempo Comunidade.
“Proporcionar às jovens margaridas uma formação como essa é algo extraordinário. Precisamos, cada vez mais, apostar na Comunicação Popular Feminista para potencializar as nossas ações, como a Marcha das Margaridas e o Festival Nacional da Juventude Rural”, destacou a secretária de Jovens da CONTAG, Mônica Bufon.
“Esse primeiro módulo presencial foi um sucesso. Aprendemos muito com as companheiras e foi um momento de muita ousadia, de muita troca e de amadurecimento sobre o que é a Comunicação Popular Feminista e como podemos fortalecer e ampliar essa rede”, avaliou a secretária de Mulheres da CONTAG e coordenadora da Marcha das Margaridas, Mazé Morais.
Fonte: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi