Até 2018, o campo terá apenas 10% da população brasileira. Hoje, o percentual é de 23%. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram citados ontem (3) pela coordenadora da Comissão Nacional de Jovens Trabalhadores Rurais da Contag (CNJTR), Elenice Anastácio. Ela falou sobre a sucessão rural, tema da 1ª Plenária Nacional da Juventude Rural, que ocorre até quinta-feira (6) em Luziânia.
Segundo a PNAD, desde 1996, cerca de três milhões de pessoas já deixaram o campo. A maioria era jovens, em especial as mulheres. "Quem continuará produzindo alimentos e reproduzindo a cultura rural, se o campo ficar esvaziado?", destacou Elenice.
A busca por educação, por melhores empregos e a falta de autonomia na gestão da propriedade rural são alguns dos fatores que levam os jovens a saírem do campo, segundo a coordenadora da CNJTR. Ainda de acordo com a PNAD, 9% dos jovens rurais são analfabetos. "Mais de 20 mil escolas do campo foram fechadas e a escola que temos hoje nos incentiva a ir para a cidade, porque prega que o campo é o atraso", lamentou.
A falta de renda e a burocracia para o acesso ao crédito forçam os jovens a procurarem emprego nas áreas urbanas. Eles também não têm prioridade em programas de reforma agrária e poucos - principalmente os que já constituíram família - têm acesso a terra. A cultura na gestão das propriedades rurais também impede que os jovens possam decidir sobre a produção da família.
A sucessão rural e os motivos que levam os jovens a deixarem o campo ainda serão debatidos durante esta terça-feira (4). A complexidade da sucessão rural na ótica regional, a importância da juventude no processo de desenvolvimento rural sustentável e as relações de gênero na agricultura familiar - com ênfase nos motivos das mulheres jovens saírem do campo - serão os temas que nortearão os debates de hoje.
Confira a programação FONTE: Ciléia Pontes, Agência Contag de Notícias