O governador Roberto Requião (PMDB), ainda na "escolinha" de ontem, dando continuidade a série de ironias e tentativas de desqualificação da decisão judicial que proibiu o uso político da Rádio e TV Educativa, dedicou uma receita de ovo frito ao desembargador da Justiça Federal, Edgar Lippman e à procuradora do Ministério Público Federal (MPF), Antonia Lélia. A procuradora foi autora do recurso ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região, acolhido pelo desembargador, que determinou a proibição dos ataques de Requião a desafetos e adversários nas transmissões semanais da RTVE.
A provocação é clara referência ao expediente adotado na época da ditadura militar (1964-1985) pelo jornal ?O Estado de S. Paulo?, que publicava receitas de bolos e trechos dos ?Lusíadas? para preencher os espaços que seriam destinados as reportagens previamente cortadas pelos censores. "Fritar ovo é uma técnica, não é qualquer pessoa que faz um ovo frito de qualidade. Em primeiro lugar, coloca-se de preferência azeite de oliva em uma frigideira. Aqueça-se o azeite até o ponto em que, colocando-se nele um palito de fósforo, ele se incendeie. Então, o azeite está no ponto. Quebra-se o ovo, um ou dois, numa xícara, para que não correr o risco de espirrar muita gordura no momento de colocá-los na frigideira. Assim, você faz um ovo excepcional, com a clara crocante e a gema mole. É uma receita que eu ao dedico Ministério Público Federal e ao desembargador Edgar Lipmann Júnior", disse.
Requião prometeu usar o mesmo expediente nas próximas "escolinhas" caso a liminar concedida pela Justiça Federal não seja derrubada. "Se essa situação absurda não for revertida, talvez eu possa a cada terça-feira mostrar uma dessas receitas ancestrais das nossas avós, socorrido pelo famoso livro de receitas da Dona Benta", afirmou.
Em matéria publicada na última semana, a agência estadual de notícias já informava que o governo estava entrando com recurso através da assessoria jurídica da própria RTVE. No início da "escolinha" de ontem, também foi apresentado um vídeo com uma série de declarações e manifestações criticando a decisão, sempre classificada como "censura prévia", e apoiando o governador. Entre os que declararam solidariedade a Requião estão o senador Pedro Simon (PMDB/RS), o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Maurício Azêdo, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, o presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Sérgio Murillo de Andrade e o arcebispo de São José dos Pinhais, Dom Ladislau Biernaski. FONTE: Bem Paraná ? PR