O Fundo Monetário Internacional (FMI) defendeu ontem o fim dos subsídios e das barreiras comerciais que os países ricos mantêm para proteger produtores domésticos de etanol e outros combustíveis alternativos, acusando-os de estimular indústrias ineficientes e prejudicar países que são mais competitivos nessa área, como o Brasil.
Numa manifestação pouco comum para a instituição, o Fundo incluiu em seu relatório semestral sobre as perspectivas para a economia global uma análise detalhada da evolução recente do mercado mundial de biocombustíveis. Sua conclusão é que o etanol produzido no Brasil é atualmente o único em condições de competir com a gasolina sem receber subsídios.
O FMI começou a prestar atenção no assunto devido ao impacto da expansão dos biocombustíveis sobre os preços dos alimentos e de mercadorias agrícolas usadas para produzi-los, como milho e soja. O relatório divulgado ontem também manifesta preocupação com o impacto sobre o consumo de água e outros recursos naturais.
Um exercício hipotético feito pelos economistas do Fundo sugere que, se os subsídios à produção de milho e etanol fossem abolidos nos EUA, o Brasil e outros países latino-americanos onde o combustível é feito de cana-de-açúcar seriam os mais beneficiados. A produção brasileira aumentaria 20% em cinco anos, diz o relatório.
Se os subsídios destinados à produção de biodiesel fossem eliminados na União Européia, países asiáticos como Índia e Tailândia sairiam ganhando. O FMI reconhece que o fim desses subsídios é inviável, mas diz que as políticas adotadas pelos EUA e pela Europa só servem para "sustentar padrões de produção ineficientes".
O Fundo recomenda que, se quiserem estimular o consumo de biocombustíveis, países ricos aumentem impostos sobre combustíveis derivados do petróleo e invistam no desenvolvimento de alternativas como o etanol celulósico ainda inviável comercialmente mas poderia aliviar a pressão sobre os preços dos alimentos. (RB) FONTE: Valor Econômico ? SP