Feijão rim de porco, fogo na serra, boi deitado, enrica homem, olho de pombo e mão curta. Essas são apenas algumas das 20 espécies de feijão que estavam desaparecendo e foram resgatadas pelos bancos de semente em Alagoas.
A lista dos achados é longa. Além de servir para garantir a plantação de pequenas comunidades, os bancos de semente também têm recuperado espécies. "É importante para a alimentação do agricultor ter uma grande variedade de sementes. No caso do feijão, por exemplo, cada um tem um nutriente diferente", afirma Mardônio Alves da Graça, presidente da Coopabacs, cooperativa de bancos de sementes de Alagoas.
Depois de guardadas nos bancos, as sementes de espécies mais raras são distribuídas a diversos agricultores para que a produção seja ampliada.
Em Soledade (PB), os agricultores estão à procura de cabaças gigantes, quase extintas. "Antigamente, os agricultores saiam de casa com suas cabaças cheias d´água. Hoje usam garrafas plásticas, que esquentam. Por isso estamos resgatando as sementes", explica José Bento Leite do Nascimento, secretário de desenvolvimento rural de Soledade, cidade que tem um banco de sementes municipal. Outra busca que vem sendo incentivada é a da ubaia, uma fruta parecida com a acerola.
A descoberta de novas aplicações para as sementes também vem dando um maior estímulo à recuperação das espécies. "O milho branco é desvalorizado para a venda. Por causa disso, ninguém plantava mais. Mas ele é mais ligeiro do que o amarelo e pode alimentar os animais", afirma Inácio Tota, presidente do banco de sementes de Lajedo do Timbaúba, em Soledade.
Para que os agricultores de diversas regiões possam trocar suas sementes, algumas feiras são organizadas pela Articulação do Semi-Árido (ASA). Na Paraíba, a Festa da Semente da Paixão é realizada todo ano. Na última, realizada em julho, contou com a visita de 2.000 pessoas de diversos Estados nordestinos.(CM) FONTE: Valor Econômico ? SP