Iaras - A Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em São Paulo, divulgou nota à imprensa em que denuncia o que considera uma série de incêndios criminosos ocorridos desde o início deste ano no horto Santa Bárbara II, em Iaras. Segundo o órgão, os incêndios vêm ocorrendo justamente no momento em que o patrimônio público, ocupado irregularmente, é retomado pela União e destinado ao assentamento de trabalhadores rurais sem-terra.
O horto faz parte da fazenda Capivara, área que compõe o Núcleo Colonial Monção, um conjunto de imóveis rurais adquiridos pelo governo federal entre 1908 e 1933, com o objetivo de instalar um núcleo de colonização com imigrantes de várias nacionalidades. Na época, foram reunidos 40 mil hectares por meio de compra de propriedades particulares e pelo recebimento de dívidas fiscais, abrangendo parte dos municípios de Agudos, Lençóis Paulista, Borebi, Iaras e Águas de Santa Bárbara.
Fracassada a experiência, as terras foram ocupadas indevidamente por particulares e assim permaneceram por décadas. Nos últimos anos, o Incra se empenhou em recuperar essas áreas e destiná-las à reforma agrária. No caso da fazenda Capivara, de aproximadamente 8 mil hectares, o órgão federal já havia obtido a tutela antecipada de 30% do imóvel em 1999, onde foi instalado o assentamento Zumbi dos Palmares, beneficiando 54 famílias de trabalhadores rurais. Em abril deste ano, a Justiça Federal concedeu decisão favorável ao Incra, que recebeu a posse da totalidade da fazenda no dia 4 de maio.
De acordo com a nota à imprensa divulgada pelo Incra, as terras da fazenda vinham sendo utilizadas para plantio de reflorestamento com pinus. Essas florestas, consideradas benfeitorias, foram incorporadas ao patrimônio público a partir do momento em que o Incra obteve a posse do imóvel. Segundo o Incra, os primeiros incêndios ocorreram em janeiro deste ano, pouco antes, portanto, da decisão judicial favorável ao Incra. Foram consumidos pelo fogo, na época, aproximadamente 100 hectares.
Entre os dias 5 e 8 de maio deste ano, logo após a concessão da posse da terra ao Incra, ocorreu outro incêndio, atingindo 85 hectares. Na ocasião, a Polícia Federal (PF) foi acionada e abriu inquérito para apurar a autoria dos atentados. Também foram adotadas medidas preventivas, como a contratação de uma equipe de vigilância.
Apesar das precauções tomadas, um novo incêndio ocorreu entre os dias 20 e 23 de setembro, consumindo mais de 320 hectares de pinus, incluindo 20 hectares de pinus bahamensis. "Além do atentado ao patrimônio público, a ação criminosa no horto prejudica os projetos para o assentamento, que incluem a exploração econômica da floresta de pinus", diz a nota.
Atualmente existem 200 famílias de trabalhadores rurais sem-terra no local discutindo com o Incra um projeto de desenvolvimento. "E é certamente isso que motiva os ataques. A terra que beneficiava alguns poucos está se transformando em fonte de vida para centenas de trabalhadores", alerta em nota o Incra.
Iaras está sob a circunscrição da Delegacia de Policia Federal de Marília. A reportagem do JC entrou em contato com o órgão, para saber como estão as investigações sobre os supostos incêndios criminosos, mas não encontrou ninguém que pudesse falar sobre o assunto. FONTE: Jornal da Cidade de Bauru ? SP