Enquanto muitos jovens saem do campo para a cidade, outros fazem o movimento contrário. O casal de namorados Matheus Roberto de Oliveira e Sabrina Burgos Anacleto, ambos com 19 anos, de Itatinga/SP, optou por essa mudança de vida e trabalho. Em busca de qualidade de vida, os dois resolveram morar no campo, produzir alimentos e já estão comercializando a produção e fazendo a transição para a agroecologia.
“A nossa transição da cidade para o sítio é resultado da nossa vontade de estarmos juntos, de trabalharmos juntos, de união com a família no campo, pensando no bem-estar. No futuro, queremos criar os nossos filhos com maior liberdade e com alimentação saudável. A qualidade de vida no campo é muito maior do que na cidade”, acredita a jovem Sabrina.
Apesar de já estarem produzindo e com vontade de produzir alimentos orgânicos, o seu companheiro Matheus explica que enfrentam desafios para se consolidarem como agricultores(as) familiares. “Uma das dificuldades é a falta de apoio no município, pois algumas políticas públicas não chegam até a gente. Conseguir a certificação de produto orgânico é outro desafio, principalmente por conta do excesso de burocracia”, aponta o jovem trabalhador rural.
Essa e outras experiências estão sendo apresentadas no Encontro Estadual de Formação de Jovens Rurais, nos dias 5 a 7 de julho, em São Paulo. A atividade é realizada pela FETAESP e conta com o apoio e participação da CONTAG.
Com um grupo de quase 50 jovens de vários municípios do estado de São Paulo, a secretária de Jovens da CONTAG, Mônica Bufon Augusto, e a assessoria da CONTAG estão contribuindo com os debates, esclarecendo a juventude sobre o atual cenário político e econômico, sobre os impactos das reformas na vida dos(as) jovens rurais e sobre a qualidade da educação do campo e para o campo. Outro ponto foi o fortalecimento do diálogo com a juventude sobre o papel dela dentro do movimento sindical, no acesso às políticas públicas e a sua importância para a sucessão rural. Um dos principais momentos do encontro será a criação da Comissão Estadual de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de São Paulo.
A coordenadora de Jovens da FETAESP, Carolina Barboza, está com grandes expectativas quanto ao resultado do encontro e com o trabalho em conjunto com a Comissão que será criada. “Esse é o meu primeiro evento com a juventude rural do estado e está sendo muito importante para mim e para os(as) jovens. Um dos pontos principais será o momento da criação da Comissão Estadual de Jovens, que vai trabalhar junto comigo, ajudar na divulgação do nosso trabalho e de lutar pela permanência dos(as) jovens na agricultura familiar”, destaca Carolina.
O encontro também está sendo bem avaliado pela secretária de Jovens da CONTAG, Mônica Bufon Augusto. “O evento está sendo espetacular, os(as) jovens do estado de São Paulo têm grande potencial e estão adorando o encontro porque é algo novo para eles(as). Trouxemos conteúdos e esclarecimentos sobre o que é o movimento sindical, trazendo a importância deles(as) estarem nesses espaços e falando também da importância de implementar a cota de, no mínimo, 20% de jovens dentro das instâncias do MSTTR, inclusive nos sindicatos, aonde podem buscar as políticas públicas e ajudar neste debate”, ressalta a dirigente da CONTAG.
Foto: Gleice Bernardini
E não são só as dirigentes que estão gostando do encontro, mas a juventude também. O casal de Itatinga/SP disse que voltarão para casa com novos conhecimentos. “O evento está sendo muito importante para nós, conhecendo várias experiências e obtendo novos conhecimentos”, diz o jovem Matheus. A namorada Sabrina completa: “O encontro nos ensinou que os Sindicatos, as Federações e a CONTAG podem nos ajudar, nos mostrar os caminhos corretos, também no âmbito político”.
Duas experiências interessantes que foram apresentadas são de uma comunidade quilombola da agricultura familiar e outra de uma propriedade de dois irmãos com produção de tomate e pimentão.
Para a secretária de Jovens da CONTAG, esse encontro em São Paulo mostra que a juventude rural está avançando na sua organização e no seu protagonismo no movimento sindical. “A juventude rural brasileira sempre foi e continua protagonista na luta e nas principais conquistas do movimento sindical. Vamos continuar avançando, contribuindo na criação das Comissões Estaduais de Jovens, na implementação da cota e estaremos presentes em todos os processos em que a Secretaria Nacional de Jovens for convocada”, afirma Mônica.
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