O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
divulgou um retrato da população quilombola no Censo 2022. O passo é
fundamental pois deve permitir que o próximo Censo Agropecuário passe também a
fornecer dados sobre os estabelecimentos da agricultura familiar dirigidos por
quilombolas, o que não ocorreu no último divulgado em 2017. As únicas informações
que temos e que consta do Anuário da Agricultura Familiar 2023, coordenado pela
CONTAG em parceria com o Dieese, é que cerca de 8,6% da população rural se
classifica como negra, e 57,1% como parda. O Censo Agropecuário 2017, do IBGE,
já havia indicado também que 8,8% dos produtores da Agricultura Familiar se autodeclaravam
negros e 46% pardos.
Os dados do Ministério do Desenvolvimento e Assistência
Social, Família e Combate à Fome (MDS), também compilados e organizados no Anuário
da Agricultura Familiar 2023, apontam para 188 mil famílias quilombolas
beneficiárias do Programa Bolsa Família, em 2022. Supondo uma família de quatro
pessoas, podemos inferir que, aproximadamente, 57% das famílias quilombolas são
beneficiárias do Programa Bolsa Família. Os dados mostram a grande importância
do programa, cujo aumento de beneficiários nos últimos anos refletiu o grande
aumento da pobreza.
Segundo os dados do Censo 2022, existe um pouco mais de 1,3
milhão de pessoas que se autodeclarou quilombolas, o equivalente a 0,7% da
população brasileira. O Nordeste concentra 68% da população quilombola, sendo a
região com maior participação de quilombolas na população residente, o
equivalente a 1,7% da população total da região. Apenas 12,5% da população
quilombola vive em áreas demarcadas. São pouco mais de 167 mil pessoas,
predominantemente no Nordeste, com 53% do total. O IBGE identificou cerca de
5.972 localidades quilombolas, dispersos em 1.672 municípios, sendo apenas 404
em territórios reconhecidos.
Fonte: Subseção do DIEESE/CONTAG