Ivana Moreira
O grupo espanhol Promobarna planeja construir 30 mini usinas de biodiesel no norte de Minas Gerais, com um investimento total estimado em R$ 200 milhões. Será a estréia do grupo - um dos maiores da Espanha no segmento imobiliário - no crescente mercado de energias alternativas. "O futuro é certo para o biocombustível", diz Bernando Díaz Porgueres, diretor do grupo.
Com o olho de quem conhece bem a realidade da Europa, o executivo avalia que a demanda por combustíveis alternativos será cada vez maior nos próximos anos, o que obrigará o continente a importar de países produtores como o Brasil. "A Europa não tem espaço suficiente para cultivar matéria-prima na escala necessária".
A estratégia do grupo espanhol é instalar usinas próximas à produção da matéria-prima, que será diversificada. A tecnologia das usinas, desenvolvida por uma companhia inglesa, permite que uma mesma unidade opere com rotatividade de matérias-primas. "Vamos trabalhar com o produto que tiver maior oferta, melhor preço, o que garantir melhor rentabilidade", afirma.
Conforme o executivo espanhol, matéria-prima é o item que pode tornar uma usina inviável. Por isso, ele avalia que a possibilidade de trabalhar com diferentes tipos de oleaginosas é o maior trunfo no projeto da Promobarna. A usina piloto, localizada no município de Arinos, deverá entrar em operação no segundo semestre de 2008.
Cada mini usina terá capacidade inicial de produção de 30 mil litros de biodiesel por dia, podendo chegar a 70 mil litros por dia. A expectativa é que as 30 unidades estejam em operação dentro de, no máximo, seis anos. Cerca de 30% da matéria prima será garantida por pequenos produtores do norte de Minas Gerais.
Otimista, Porgueres já pensa em expansão. "Se formos bem sucedidos, claro, vamos expandir o projeto, talvez para outros Estados". De acordo com ele, outros investidores espanhóis já demonstraram interesse em se associar à Promobarna em uma eventual expansão do projeto.
Grupo familiar com 30 anos de atuação, o Promobarna começou a fazer pequenos investimentos imobiliários no Brasil há aproximadamente seis anos. Na época, lembra o diretor, o país ainda estava longe de atingir grau de investimento. Com o cenário macroeconômico mais positivo, o grupo resolveu apostar mais fichas no mercado doméstico.
Em novembro de 2006, comprou 100% do capital da construtora mineira Arco Engenharia. O valor da negociação não foi revelado. No último ano, os espanhóis investiram mais R$ 100 milhões na expansão do negócio.
Ao contrário da Espanha, onde o mercado imobiliário vive momento de estagnação, o Brasil tem espaço para lançamentos. O plano da Promobarna para a Arco - que já atua em Minas, São Paulo e Rio - é construir empreendimentos para diferentes classes sociais, atuando em todos os nichos onde houver demanda.
"Existe aqui uma capacidade grande de gerar oportunidades de negócios", afirma Bernardo Díaz Porgueres, que desde a aquisição da Arco vem se dividindo entre a Espanha e o Brasil. O grupo espanhol tem investimentos também na Venezuela e no México e estuda oportunidades de negócios na Nicarágua. Mas, segundo o diretor, o grande projeto da Promobarna, atualmente, chama-se "Brasil". FONTE: Valor Econômico ? SP