07/02/2008
O governo decidiu ontem refazer a lista preliminar de 2.681 propriedades oferecidas à União Européia como fornecedoras de carne bovina aprovadas pelo sistema de rastreamento (Sisbov) do Ministério da Agricultura.
A lista definitiva das fazendas com permissão para exportar ao bloco europeu tem até agora 683 propriedades, informou o secretário de Defesa Agropecuária, Inácio Kroetz. "Vamos auditar a lista preliminar e confirmar aquelas que tiverem todos os documentos", disse ao Valor. Os Estados terão até a próxima segunda-feira para incluir novas fazendas na relação oficial que será submetida à UE.
A nova auditoria na situação das fazendas foi decidida ontem durante reunião do ministro Reinhold Stephanes com os secretários de Agricultura de cinco dos seis Estados habilitados a vender carne bovina para a UE. Os dirigentes estaduais discordaram, porém, de uma redução drástica no número de propriedades aprovadas por temer reações negativas da UE e dos pecuaristas brasileiros. Alguns defenderam uma redução máxima de 20% nas fazendas inicialmente relacionadas. "Vamos fazer uma nova triagem porque essa primeira não estava 100% conforme e para ser 100% defensável e ter mais tranqüilidade com a União Européia", afirmou o secretário de Minas Gerais e presidente do conselho nacional dos secretários (Conseagri), Gilman Viana.
O Ministério da Agricultura afirmou que a nova lista estava dentro do acordo fechado com as autoridades da UE. "A primeira lista foi feita no campo, mas havia necessidade de auditar os documentos", disse Kroetz. "Era um número preliminar e carecia de auditoria. Tínhamos prazo até 15 de março para auditar e vamos entregar até dia 11 de fevereiro". As propriedades que não forem auditadas terão que aguardas as próximas listas.
Kroetz afirmou que a redução no número de propriedades foi baseada na "exigência interna" de que o "todo o sistema ainda não havia sido auditado" pelas autoridades dos Estados e do governo federal. "Mandamos o sumário e agora conferimos. Vamos ver se com essa [lista] as coisas melhoram", afirmou Inácio Kroetz.
O secretário do Ministério da Agricultura informou, ainda, ter recebido ontem a visita do embaixador da UE no Brasil, o português João Pacheco. "Ele reafirmou que o bloco está atento ao trabalho do serviço sanitário", disse Kroetz. Pacheco entregou uma carta ao secretário com algumas considerações do bloco europeu sobre o trabalho desenvolvido até aqui pelo governo brasileiro.
Parte do setor privado recebeu a decisão com desconfiança. "A pedra fundamental do Sisbov é a credibilidade. Perdemos no primeiro round e vamos ver se acertam no segundo", reagiu o pecuarista Pedro de Camargo Neto, presidente da Associação dos Exportadores de Carne Suína (Abipecs). "Até agora, eram os europeus que indicavam os erros. Espero que agora sejam os brasileiros a descobrir esses erros antes dos europeus".
Na reunião dos secretários estaduais, o governo voltou a reafirmar que não aceitará uma eventual limitação de 300 fazendas aprovadas para exportação à UE. "Eles insistem nas 300 fazendas. Não aceitamos isso. Cabe a eles, se quiserem, escolher as fazendas, mas sempre dentro de critérios de qualidade e não de quantidade", disse Gilman Viana. Ele acredita, porém, que se os europeus aceitarem as primeiras 300 propriedades aprovadas, há uma tendência de que aceitem outros estabelecimentos ao longo do ano. FONTE: Valor Econômico ? SP