O economista e diretor nacional do MST João Pedro Stedile disse à Folha que, em 2008, o governo Lula deveria criar "vergonha na cara" e cumprir suas promessas de campanha eleitoral.
"Que o governo como um todo crie vergonha na cara e cumpra com seus compromissos históricos de adotar políticas que democratizem a propriedade da terra", afirmou.
"Que o governo honre com suas promessas do programa de governo de 2002, de priorizar a agricultura familiar e a reforma agrária, caso contrário os problemas sociais só aumentarão e, algum dia, explodirão", completou.
O MST apoiou a eleição de Lula em 2002, fez campanha no segundo turno de 2006 e saiu às ruas para defendê-lo em meio à crise do mensalão, em 2005. Agora, diante das desapropriações de 2007, admite não ter sido surpreendido.
"Esse resultado não nos surpreende. É uma vergonha. Já tínhamos alertado o governo sobre a ineficácia e a morosidade. Estamos com mais de 150 mil famílias acampadas na beira das estradas. Esperando. Algumas estão desde o primeiro ano do governo", disse Stedile.
Segundo ele, há uma clara disputa entre os agricultores familiares e o agronegócio, este motivado pelo incentivo oficial à produção de biocombustíveis. "Infelizmente a maioria do governo está priorizando o agronegócio." (ES) FONTE: Folha de São Paulo ? SP