Da Redação
Agência Pará
"Eu fui muito criticada, principalmente pela imprensa nacional, porque não fiz outro massacre de Eldorado dos Carajás. O governo cumpriu a determinação judicial, mas a polícia usou o diálogo e não a violência. Vamos continuar agindo assim, mas não vamos tolerar os excessos, de nenhuma parte", garantiu a governadora Ana Júlia Carepa, a uma comissão de 21 pessoas, representando o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), Associação dos Hansenianos do sul e sudeste do Pará e Comissão de Garimpeiros de Serra Pelada.
A declaração da governadora foi a propósito da desinterdição da Estrada de Ferro Carajás, da Companhia Vale do Rio Doce, bloqueada por integrantes do MST no último dia 18 e desobstruída, por determinação da Justiça Federal, no dia 20.
"Durante muitos anos, os movimentos que lutam pela reforma agrária foram tratados como foras-da-lei no Estado do Pará. Pela primeira vez, temos sido tratados como manda a democracia. Outros governos nos reprimiam e nos marginalizavam", disse Ulisses Manacás, da coordenação estadual do MST.
Reivindicações
A governadora Ana Júlia Carepa recebeu da coordenação as seguintes reivindicações: O MST pede ao governo do Estado que construa um amplo programa de reforma agrária; arrecadação de terras públicas, griladas por fazendeiros; aparelhamento do Iterpa; estruturação e reestruturação dos assentamentos; instalação de agroindústrias no campo; política de créditos especial para assentados em nível estadual; crédito especial para assentamentos de reforma agrária; crédito florestal; construção de escolas de ensino fundamental e médio na zona rural; ampliação do campus da Universidade Estadual do Pará, em Marabá; construção de um campus avançado no município de Parauapebas; subsídios para construção de rádios comunitárias nos assentamentos e regiões pólo; e capacitação e treinamento para jovens.
A Associação dos Hansenianos, segundo documento entregue à governadora, precisa de assistente social, médico e transporte para os portadores da doença. O presidente da associação, Antonio José Leal, disse que na Serra Pelada e em áreas de acampamentos, existem cerca de 250 portadores de hanseníase.
A Comissão de Garimpeiros de Serra Pelada quer que o governo do Estado instale postos de polícia e de saúde, ambulâncias, escolas técnicas, programa de alfabetização e, também, a instalação imediata de uma comissão do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, para apurar ameaças que, segundo a Comissão, garimpeiros estariam sofrendo na região.
Os representantes do MST também confirmaram que a governadora Ana Júlia Carepa garantiu audiências para a grupo, em Brasília, com representantes dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Educação, das Minas e Energia e do Desenvolvimento Social. As audiências ocorrerão nesta quinta-feira (25).
Participaram da audiência o secretário de Governo, Cláudio Puty, João Batista, chefe de gabinete da governadoria, e Darci Lermen, prefeito de Parauapebas, José Helder Benatti, presidente do Instituto de Terras do Pará.
Ao final do encontro, que durou quatro horas, o secretário de Integração Regional, André Farias, disse que o governo vai reunir com as Secretarias de Estado, envolvidas nas reivindicações dos movimentos sociais, para avaliar o que pode ser resolvido a curto prazo. "É importante ressaltar que nosso governo está implementando políticas estruturantes, como políticas de crédito agrícola e fundiária, por exemplo. Não adianta o governo tomar medidas paliativas. Temos que investir em ações ", disse André Farias.
Texto: Edir Gillet - CCS
Fotos: David Alves - Ag Pa FONTE: Governo do Pará ? PA