A governadora Ana Júlia Carepa recebeu, no início da tarde desta quarta-feira (4), no Palácio dos Despachos, a direção da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Pará (Fetagri) para receber oficialmente a pauta do Grito da Terra Pará 2008. A reunião reforça o diálogo entre governo do Estado e movimentos sociais, parceiros na elaboração e efetivação de um novo modelo de desenvolvimento. O Grito da Terra acontecerá nos dias 11 e 12 deste mês, em Belém e no interior.
Segundo o presidente da Fetagri, Carlos Augusto da Silva, o Grito da Terra deste ano vai focar a importância do combate à violência no campo e à grilagem. A Fetagri vai exigir ainda o cancelamento de títulos de terra falsos emitidos por diversos cartórios, num movimento semelhante ao ocorrido no Amazonas. Algumas áreas foram tituladas mais de uma vez e em outras os títulos falam de uma dimensão irreal dos terrenos.
Também está na pauta do Grito deste ano o pedido de desaforamento do julgamento dos mandantes do assassinato do líder sindical José Dutra da Costa, o Dezinho, em Rondon do Pará, em dezembro de 2000. "Vamos solicitar uma audiência com a presidente do Tribunal de Justiça do Estado (TJE) e fazer atos públicos pedindo que o processo não seja julgado em Rondon", adiantou.
A Fetagri reafirma ainda seu posicionamento contrário à absolvição de Vitalmiro Bastos de Moura, mandante confesso do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, ocorrido em 12 de fevereiro de 2005. "Queremos também solicitar da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) a desburocratização do processos de licenciamento ambiental no Pará e um programa de educação ambiental ao trabalhador rural", disse.
Árvores - A Fetagri decidiu abraçar o programa de replantio de um bilhão de árvores, lançado na última sexta-feira (30), e vai mobilizar seus mais de dois mil sindicatos e associações filiados para alcançar a marca de dez milhões de árvores plantadas. A proposta foi elogiada pela governadora, que lançou um desafio ainda maior ao movimento no campo: o replantio de 480 milhões de árvores em quatro anos.
O programa de replantio, disse a governadora, é uma frente contra o desmatamento e a extração ilegal de madeira. "Por isso queremos fazer do replantio uma atividade econômica. Queremos que o agricultor, o trabalhador rural, ganhe dinheiro replantando árvores, fazendo força contra aqueles que ganham dinheiro ilegal derrubando a floresta", asseverou.
Receber a Fetagri, disse Ana Júlia Carepa, é motivo de alegria. "Este é um dos movimentos que, no Pará, têm uma história de comprometimento na busca incansável dos direitos dos trabalhadores rurais. Como no ano passado, recebemos a pauta do Grito deste ano com satisfação e já adiantando nosso compromisso em trabalhar em parceria por um novo modelo de desenvolvimento no qual o trabalhador do campo tem papel fundamental", disse a governadora.
Parcerias - Ana Júlia Carepa lembrou ainda que o governo tem dialogado com todos os movimentos sociais para discutir e efetivar um modelo de desenvolvimento baseado na justiça social, distribuição de renda e respeito, sobretudo, ao homem. A pauta do Grito da Terra 2008, informou, já fora entregue ao governo 20 dias antes da reunião no Palácio.
Algumas das reivindicações da Fetagri deverão ser atendidas até mesmo antes do evento.
O Grito da Terra Pará 2008 começa dia 11, com reuniões e manifestações em frente de alguns órgãos e do TJE. Dia 12, os manifestantes farão um abraço no Bosque Rodrigues Alves, onde os agricultores farão a distribuição de mudas e sementes de árvores à população. No mesmo dia, um grupo fará um ato público em frente ao prédio da sede do Ministério da Fazenda, em Belém. FONTE: Portal do Governo do Estado do Pará