O Golpe Civil-Militar de 1964 completou 50 anos em 31 de março de 2014. Nos últimos anos, várias publicações trouxeram à tona o trabalho desenvolvido pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos e da Comissão Nacional da Verdade. A CONTAG também integra a Comissão Camponesa da Verdade. O objetivo é pesquisar e relatar o cenário de violência, censura e arbitrariedades ocorridas no meio rural no período da ditadura.
Durante e após o golpe, vários dirigentes sindicais foram mortos, torturados, presos e perseguidos, como aconteceu com Lyndolpho Silva, ex-presidente da CONTAG, entre outros. No Nordeste, uma das regiões mais atingidas, os efeitos foram imediatos e brutais, com a prisão e o assassinato de dezenas de líderes. O Exército ocupou e interveio na maioria dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da região.
Nos primeiros anos da ditadura, apesar da violência registrada, ainda havia certo espaço para as manifestações populares, mas a situação se tornaria ainda mais crítica nos anos 1970, época que ocorreu o maior número de casos de prisões e assassinatos de líderes camponeses.
Um estudo da Comissão Pastoral da Terra (CPT) indicou que, entre 1964 e 1989, o Brasil contabilizou 1.566 assassinatos de trabalhadores(as) rurais, dos quais há registro apenas de 17 julgamentos e de oito condenações, numa clara caracterização da impunidade. Vale destacar que muitos desses crimes foram cometidos por milícias contratadas por latifundiários que eram tutelados em suas ações pelos Estado brasileiro. Este fato dificultou, ao longo desses anos, identificar a responsabilidade do Estado na execução destes crimes e a consequente promoção de reparações aos familiares.
FONTE: Imprensa CONTAG - Verônica Tozzi