Mônica Bichara
O principal entrave ao desenvolvimento da agricultura familiar é a comercialização, totalmente dependente dos atravessadores. Por conta dessa distância entre o produtor e o consumidor final, o coco verde que sai do interior do estado por R$0,10 a R$0,20 a unidade, é vendido nas praias de Salvador por até R$2. Da mesma forma o aipim é vendido pelo agricultor por R$0,30 o quilo e chega à população por até R$1,30 o quilo.
Sanar esse gargalo é justamente o objetivo do galpão que será implantado na Central de Abastecimento (Ceasa), na estrada CIA/Aeroporto, ocupando uma área de dez mil metros quadrados, cedido pela Empresa Baiana de Alimentos (Ebal), onde os agricultores familiares vão poder comercializar seus produtos diretamente às redes varejistas.
A viabilidade do projeto já foi aprovada pelos órgãos envolvidos, como a Secretaria Estadual da Agricultura (Seagri), através da Superintendência da Agricultura Familiar (Suaf), Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Ebal e pela Câmara Técnica de Comercialização. Junto com o Fundo de Combate à Pobreza, que financiará o projeto, e com a Secretaria da Indústria e Comércio, será definido, na próxima semana, o cronograma de implantação do galpão.
A expectativa do superintendente de Agricultura Familiar da Seagri, Ailton Florêncio, é que a construção seja iniciada ainda este ano, para inauguração no primeiro semestre de 2008. O projeto, segundo ele, deverá beneficiar num primeiro momento as 7.600 famílias de pequenos agricultores que já estão associadas às cerca de 76 cooperativas já estruturadas. "Mas o alcance desse projeto é bem maior, porque vai estimular outros agricultores a se organizarem", frisou Florêncio, argumentando que além de representar aumento de renda para os produtores a iniciativa possibilitará uma melhor margem de preços para as redes varejistas, que poderão repassar a vantagem para os consumidores finais.
A área reservada pela Ebal para o galpão exclusivo da agricultura familiar foi visitada no dia 25 de setembro pelos integrantes da Câmara Técnica de Comercialização e representantes da Suaf. O coordenador de comercialização da Suaf, Guilherme Cerqueira, entende que o projeto é viável porque a Ebal deve ser mais uma instituição parceira da agricultura familiar, ajudando a implantar uma "política pública para a inclusão social". A Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf/BA) apoia o projeto, defendendo ações que favoreçam a escoação da produção. "De nada adianta o incentivo à produção se não existir oportunidades de venda vantajosas para o pequeno produtor", pondera Edinabel Caracas, assessora da entidade. FONTE: Correio da Bahia ? BA