A Contag participa desde 06 de fevereiro do Fórum Social Mundial, (FSM), em Dacar no Senegal. O objetivo central que era estreitar a cooperação entre os países já foi cumprido. O Fórum reúne 50 mil ativistas de mais de 120 mil países.
A vice-presidente e secretária de Relações Internacionais da Contag, Alessandra Lunas, que está em Dakar, relata que a as ações de cooperação entre Brasil e África precisam ser fortalecidas, “primeiro pela dívida histórica que temos com a África e também para fortalecer a agricultura familiar em um continente que vive em insegurança alimentar”, afirma.
A participação da Contag e da Confederação de Organizações de Produtores Familiares do Mercosul Ampliado (Coprofam), entidade em que Lunas também é presidenta, teve dois grandes objetivos. Fortalecer as relações de intercâmbio com organizações de agricultores familiares dos demais continentes, e discutir e avaliar processos que estão em andamento pelo governo brasileiro.
A secretária explica que essa estratégia visa o fortalecimento das organizações de trabalhadores (as) rurais, para a construção de políticas públicas diferenciadas, que garantam a segurança alimentar dos países e a erradicação da fome no mundo, com foco no fortalecimento da agricultura familiar.
As atividades também produziram encaminhamentos para a criação da Aliança Internacional de Organizações Regionais de Agricultores Familiares, para que juntamente com a Associação Asiática e Coprofam, os agricultores (as) familiares possam potencializar a sua representação junto aos fóruns internacionais, em especial no da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, (FAO). A delegação também discutiu com os companheiros africanos os desafios enfrentados pelos agricultores familiares no continente, sobretudo a situação de insegurança alimentar. “Constatamos que existe uma grande dificuldade em implementar políticas públicas diferenciadas para a agricultura familiar e que grande parte dos alimentos não são produzidos no continente, mas importados de outros países, o que eleva os preços dos alimentos e o aumento da pobreza e da fome”, contou.
Outro grave problema enfrentado é em relação a participação e controle social das políticas públicas de modo geral, em especial aquelas direcionadas para a agricultura familiar. Com a aproximação do fim do evento, Alessandra Lunas avaliou que é preciso repensar os programas de cooperação realizados pelo governo brasileiro com os países africanos. “Os relatos que temos é que o acesso à esses programas não chegam nas comunidades”, denuncia.
Outros debates e articulações importantes foram feitas com a Ong Action Aid e Fundação Banco do Brasil, para um projeto de intercâmbio e cooperação entre a sociedade civil e organizações africanas ligadas à agricultura familiar. Também houve uma articulação com a organização Home-FPH da França, sobre a Aliança Terra Cidadã, para buscar fortalecimento de ações conjuntas entre as entidades representativas de agricultores (as) familiares.
Em todas as discussões o Fórum Rural Mundial esteve presente fortalecendo estratégias e dando o suporte necessário para os debates com a tradução e diálogo com os companheiros da África. O saldo geral da participação no Fórum Social Mundial, segundo Lunas, é extremamente positivo e estratégico para a Contag e Coprofam, pelo restabelecimento do diálogo e intensificação da campanha para o estabelecimento do Ano da Agricultura Familiar pela ONU. FONTE: Agência Contag de Notícias - Suzana Campos