O Fórum pela Democracia – 50 anos de resistência divulgou manifesto assinado por mais de 10 entidades de representação nacional, entre elas a CONTAG, sobre o cinquentenário do Golpe de 1964. Leia abaixo:
MANIFESTO
No cinquentenário do golpe civil-militar de 1º de abril de 1964, organizações da sociedade civil do Distrito Federal se articulam no Fórum pela Democracia: 50 Anos de Resistência na defesa da memória dos que lutaram contra a ditadura, pela abertura dos arquivos secretos, o cumprimento da sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos (Caso Araguaia) e a correta interpretação da Lei Anistia pelo STF, para que os autores de crimes de lesa humanidade possam ser responsabilizados em juízo para que toda a verdade apareça.
Durante 21 anos (1964 a 1985), em Brasília, se instalaram pela força dasarmas e pelo conluio de lideranças civis acovardadas do Congresso Nacional,ditadores militares que usurparam o título de Presidentes da República sem o voto popular e a legitimidade constitucional. Forjaram um regime espúrioque cerceou as liberdades democráticas, o livre funcionamento dos partidos políticos, dos sindicatos, das agremiações estudantis, censurou as manifestações culturais, cassou deputados e senadores, perseguiu lideranças sociais e políticas, prendeu, torturou, assassinou e desapareceu com opositores políticos, ao perpetrar violações aos direitos humanos até hoje não apuradas, nem responsabilizados seus autores. Exigimos o direito à verdade histórica!
O povo brasiliense escreveu páginas vibrantes da resistência, tais como, a autodemissão dos 223 professores da UnB, em solidariedade aos colegas demitidos e as lutas dos estudantes e professores contras as sucessivas invasões policiais desde 1965 até 1977; no apoio a resistência democrática contra o AI-5, no Congresso Nacional, em 1968 e nas manifestações pela Anistia Ampla, Geral e Irrestrita, em 1979. Esta luta política deu origem a lideranças e combatentes da liberdade como Honestino Guimarães (ex-presidente da UNE), Paulo de Tarso Celestino da Silva (advogado ex-presidente da FEU-UnB), Ieda Santos Delgado e Nelson José de Almeida (jovem trabalhador rural), mortos ou desaparecidos em circunstâncias até hoje não esclarecidas. Queremos a memória da resistência!
Este é o sentido histórico que representa o Fórum pela Democracia: 50 anosde Resistência, cujo objetivo é agregar e articular as diferentes iniciativas dos mais diversos e amplos setores da sociedade civil, com o objetivo de pensar criticamente as causas e os efeitos do golpe armado, de 1964, suas heranças e a continuidade das resistências democráticas. Consideramos fundamental este momento não só pela carga potencial simbólica dos 50 anos, mas sobretudo, pela urgência da sociedade brasileira resgatar seus valores históricos, políticos, sociais e econômicos.
A comemoração é por esta luta persistente e contínua de todos e todas, trabalhadores e trabalhadoras do campo e das cidades, estudantes, professores, intelectuais, camponeses e povos indígenas, que hoje lutam no país como sujeitos de direito para se aprofundar a democracia, livrar e remover quaisquer resquícios da tirania e da ditadura, como a militarização da Polícias Militar e a impunidade de ontem e de hoje, em nome da reparação, da verdade, da memória e da justiça.
PARA QUE NÃO SE ESQUEÇA, PARA QUE NUNCA MAIS ACONTEÇA!
Central Única dos Trabalhadores – CUT-DF Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG Comitê pela Verdade, Memória e Justiça do DF – CVMJ do DF Comissão Anísio Teixeira de Memória e Verdade da UnB Movimento das Mulheres Camponesas – MMC Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA Sindicato dos Bancários de Brasília - DF Sindicato dos Urbanitários - STIU-DF Sindicato dos Trabalhadores de Empresas e Órgãos Públicos e Privados de Processamento de Dados, Serviços de Informática, Similares e Profissionais de Processamento de Dados do Distrito Federal – SINDPD-DF Sindicato dos Professores no Distrito Federal – SINPRO-DF
FONTE: Fórum pela Democracia