Após uma série de conversas com quatro secretarias do Ministério da Educação - MEC (Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão - SECADI, Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica - SETEC, Secretaria de Educação Superior - SESU e Secretaria de Educação Básica - SEB), a coordenação nacional do Fórum Nacional de Educação do Campo conseguiu o compromisso da SESU de realizar uma reunião na última sexta (30 de setembro) com a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – ANDIFES. O encontro com a associação de reitores teve por objetivo discutir e prospectar soluções sobre como qualificar mais os cursos de licenciatura em Educação do Campo e o PRONERA. “Para nós é muito importante que nossas reivindicações sejam recebidas pelos reitores. Antes, nossas audiências só aconteciam no âmbito da SECAD”, esclarece José Wilson Gonçalves, secretário de Políticas Sociais da Contag. Para ele, a abertura do tema Educação do Campo com a ANDIFES e demais institutos federais ligados ao ensino superior é um grande passo dos movimentos sociais no sentido de contribuir para a redução das desigualdades educacionais. A pauta da reunião girou em torno da apresentação de dois programas específicos de Educação do Campo: o PRONERA (MDA/INCRA) e o PROCAMPO (MEC) e de que forma torná-los regulares e inseridos nos programas de financiamento das universidades. “Atualmente esses cursos acontecem sob a forma de editais, sempre ameaçados de não ocorrer porque faltam financiamento e infra-estrutura”, analisa José Wilson. Ele se refere ao fato de que, por serem cursos de alternância, os mesmos são realizados intensivamente no período de 40 a 50 dias, ininterruptamente, e para que isso aconteça os estudantes precisam de uma estrutura de alojamentos, alimentação, saúde, professores concursados com formação específica e apoio financeiro para realização do “Tempo Comunidade”, um tipo de bolsa permanência, com supervisão integral dos professores, quando os alunos vivenciam suas experiências na própria comunidade. A proposta da ANDIFES em resposta aos movimentos sociais foi o compromisso de envolver as 54 novas universidades públicas federais com a meta de desenvolverem cursos de Educação do Campo. Atualmente, são apenas 31, incluindo autarquias e universidades estaduais, além da ampliação de financiamento que viabilize a regularidade do curso, respeitando as peculiaridades do homem e da mulher do campo. Na reunião o representante do MST fez um histórico sobre a Educação do Campo e Eliene Noaves, representando a Contag, falou sobre as bases legais que fundamentam os cursos. “Precisamos valorizar esse espaço que estamos conquistando a partir da criação do fórum e criar forças para que nossa pauta, que já é bastante antiga, seja aprovada”, comenta o diretor da Contag. Ele avalia que o atual cenário político, de governos mais democráticos (Lula e Dilma), aliado às estratégias dos movimentos sociais, favorece o diálogo. “Vislumbramos uma possibilidade concreta de que nossos cursos se tornem regulares”, afirma José Wilson. Além da Contag também fazem parte do fórum o Movimento dos Sem Terra - MST, Rede de Educação do Semi-Árido Brasileiro - RESAB, União Nacional das Escolas de Famílias Agrícolas do Brasil – UNEFAB, Fórum Paraense de Educação do Campo, Fórum Catarinense de Educação do Campo e Observatório de Educação do Campo da Universidade Nacional de Brasília. FONTE: Imprensa Contag