A busca frenética por matérias-primas alternativas à soja para a produção do biodiesel trouxe de volta à cena uma forrageira que, na década de 70, foi rejeitada por produtores. A Fundação MS, sediada em Campo Grande (MS), acaba de obter junto ao Registro Nacional de Cultivares (RNC) do Ministério da Agricultura o registro de uma variedade do crambe, planta da família do nabo forrageiro (que já é utilizado para a produção de biodiesel).
Carlos Pitol, pesquisador da Fundação MS, observa que a planta foi introduzida no Brasil na década de 70 como uma opção para cobertura de solo no processo de rotação de culturas, mas não teve aceitação pelos produtores, que preferiram o nabo forrageiro devido à facilidade de manejo. "Com a onda do biodiesel, o crambe voltou a atrair o interesse dos produtores", afirma o pesquisador.
A entidade realiza agora pesquisas para avaliar a economicidade da cultura. Pelos dados obtidos até o momento, o crambe tem produtividade que varia de 1 mil a 1,5 mil quilos por hectare. A planta possui 38% de teor de óleo, praticamente o dobro da soja, e custo de produção entre R$ 200 e R$ 300 por hectare. "Enquanto o óleo de soja é vendido entre R$ 1,60 e R$ 1,70 o litro, o óleo do crambe tem custo de R$ 1,20 por litro. É viável", diz Pitol.
Ainda de acordo com o pesquisador, a torta do crambe pode ser utilizada para alimentar o gado bovino, substituindo em parte outro grãos, como a soja. "É uma planta altamente tolerante à seca e tem baixo custo de produção, porque demanda pouco adubo e poucos agroquímicos", diz Pitol. O plantio é feito normalmente entre abril e maio e a colheita é feita 90 dias depois. "A colheita pode ser mecanizada", afirma.
Como o registro junto ao Ministério, a Fundação MS investe agora na multiplicação das sementes para colocar a variedade no mercado já na próxima safra. "Já temos a semente, mas o interesse inicial é multiplicar esse produto para ter maior escala de oferta", observa o pesquisador. Segundo ele, a fundação tem sido procurada por empresas com interesse em fazer parceria para iniciar a produção do crambe. "Fechamos parcerias com alguns produtores para a multiplicação das sementes e a previsão é que as sementes de crambe comecem a ser comercializadas em todo o país a partir de dezembro."(CB) FONTE: Valor Econômico ? SP