A crescente expansão das usinas de cana-de-açúcar na região do Triângulo Mineiro, em especial no município de Uberaba, chamou a atenção da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg). Desde terça-feira (6) acontece na cidade seminário para discutir as condições de trabalho do assalariado rural do setor sucroalcooleiro.
Assuntos como o impacto tecnológico e político, saúde, remuneração e segurança do trabalho na colheita da cana estiveram em pauta nos debates. Presente na abertura do evento, o presidente da Fetaemg, Vilson Luís da Silva, demonstrou preocupação com o futuro dos cortadores de cana, diante da mecanização da colheita. "Não adianta os governantes e empresários pensarem só no desenvolvimento sem pensar no social. Com a mecanização, para onde vão os desempregados, na maioria nordestinos que migram para o Sudeste?", destaca.
Para o diretor regional da Fetaemg no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, José Divino de Melo, falta planejamento por parte dos governos nas três esferas, federal, estadual e municipal. "Se a mecanização é necessária, então que haja projetos para a recolocação desses trabalhadores no mercado, senão as cidades vão sofrer com a criminalidade, com o desemprego e outros aspectos", explica.
A região tem hoje aproximadamente 30 mil trabalhadores envolvidos com o plantio e colheita da cana. Outro dado que assusta é referente à condição de trabalho. "Cerca de dez anos atrás cada trabalhador cortava em média seis toneladas de cana por dia, hoje essa média gira em torno de 12 toneladas, sendo que alguns cortadores, a fim de aumentar o rendimento, chegam à exaustão, cortando até 20 toneladas", conta José Divino.
O seminário termina hoje, ao meio-dia. FONTE: Jornal da Manhã ? MG