A primeira mesa do 2º Festival Nacional da Juventude Rural discutiu o tema Juventude Reforma Agrária e Política nacional de Crédito Fundiário. Os debates foram coordenados pelo secretário de Política Agrária da Contag, Willian Clementino, e contaram com a presença de representantes do Incra, da Secretaria de Reordenamento Agrário e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A secretária de Jovens da Fetaemg, Maria Alves, também participou da discussão. O dirigente da Contag abriu a mesa temática com a afirmação de que o campo e a cidade devem caminhar de mãos dadas: “Nós temos grande prazer em produzir para a cidade. A cidade é nossa parceira e não nossa inimiga, como alguns pensam”. Ele também defendeu a necessidade da democratização do acesso à terra para consolidar o modelo de produção agropecuária protagonizado pela agricultura familiar. “Para consolidar a agricultura familiar é necessária a reforma agrária por meio do crédito fundiário ou pelo processo de desapropriação”, sustentou Willian. O professor Sérgio Leite afirmou durante a sua fala inaugural que as pesquisas realizadas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro nos assentamentos mostram que a reforma agrária é uma ação fundamental para melhorar as condições socioeconômicas dos trabalhadores e das trabalhadoras rurais. “Noventa por cento das famílias entrevistadas responderam que suas vidas melhoraram depois que tiveram acesso à terra”. Ele também denunciou o modelo fundiário brasileiro e chamou a atenção para a importância do trabalho do movimento sindical. “O Brasil é um dos países com mais concentração de terra no mundo. Sem mobilização e sem luta, não tem conquista. E conquista e acesso à terra passam pela reforma agrária”. Caminho das pedras – O presidente do Incra parabenizou a iniciativa da Contag de organizar o Festival da Juventude e apontou o caminho para a juventude conquistar o direto à terra. “O mais importante é que os jovens se organizem, procurem terras mal-utilizadas e pressionem o governo e o Incra”, argumentou Rolf Hackbart. O Programa Nacional de Crédito Fundiário foi defendido pelo secretário de Reordenamento Agrário, Adhemar Almeida, como uma das portas de entrada para o acesso dos jovens à terra. “A metade das 80 mil famílias que adquiriram propriedades pelo crédito fundiário é formada por trabalhadores rurais com até 28 anos. O jovem se apropriou do programa para garantir sua terra e seu futuro”, afirmou Adhemar. Ele também apresentou as linhas de crédito e do programa e as formas concretas para a juventude conquistar o sonho da primeira terra. A secretária de Jovens da Fetaemg marcou a sua participação com um balanço das ações da Comissão Nacional de Jovens Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais nos últimos anos. “A juventude já conseguiu muita coisa nas suas mobilizações. Mas ainda estamos longe do ideal. Não adianta ficar só nas promessas: queremos a reforma agrária para agora”, cobrou. O debate foi encerrado pelo secretário de Política Agrária da Contag, que entregou a Carta Proposta da Juventude Rural para os expositores convidados. “Esse documento é importante porque explicita as verdadeiras demandas dos jovens do campo”, finalizou Willian. FONTE: Ronaldo de Moura e João Paulo Biage, Agência Contag de Notícias