A construção de um Brasil capaz de se desenvolver de forma ambientalmente sustentável e socialmente justa passa pelo fortalecimento da agricultura familiar e pela consolidação do processo de reforma agrária no país. Essa certeza anima as centenas de pessoas que começaram a chegar à Brasília, nesta quinta-feira (4), para participar da IV Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária, que vai acontecer até domingo (7) no pavilhão ExpoBrasília.Organizada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), a feira é aberta ao público e ocupa um espaço de 51 mil metros quadrados, onde 480 estandes exibirão cerca de 10 mil produtos oriundos de 27 Estados brasileiros. Os estandes serão agrupados por biomas (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Pampa e Caatinga), numa divisão que permitirá aos visitantes ter um panorama da produção agrícola familiar e também da biodiversidade em todo o Brasil.Além da exposição e venda de produtos, estão programados diversos debates sobre temas como aquecimento global e reforma agrária, qualificação e desenvolvimento dos assentamentos e criação de mecanismos de incentivo à comercialização dos produtos vindos da agricultura familiar. A inserção dos pequenos agricultores no mercado é uma preocupação central dos organizadores do evento. Na sexta-feira (5), estará funcionando durante todo o dia a Sala de Rodada de Negócios, espaço dedicado ao intercâmbio direto entre os agricultores e empresários, como donos de supermercados e restaurantes, entre outros.A maior novidade este ano é que, pela primeira vez, a Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária terá uma edição completamente sustentável do ponto de vista ambiental. A maior parte dos objetos utilizados no evento - como crachás, copos, sacolas, material impresso e de decoração dos stands - foi confeccionada com material reciclado e/ou renovável.Além disso, uma ação a ser realizada após o término da feira irá neutralizar as emissões de carbono provocadas pela fabricação e transporte dos produtos expostos e pela energia consumida para a realização de todas as atividades. Para tanto, serão distribuídas pelo MDA 7.300 mudas de árvores, que deverão ser plantadas em assentamentos da reforma agrária localizados no Cerrado.Uma outra modernidadeCoordenador de Comunicação do MDA e um dos organizadores da feira, Luiz Felipe Nelsis afirma que um dos principais objetivos do evento é resgatar o meio rural como ambiente de produção cultural e tecnológica. "Em nossa sociedade, os conceitos de modernidade e desenvolvimento são geralmente associados ao meio urbano, e o espaço rural é visto como mais atrasado. No campo, o modelo dominante de modernidade é o agronegócio, mas queremos mostrar que a agricultura familiar tem condições tecnológicas de produzir com qualidade ao mesmo tempo em que utiliza técnicas sustentáveis", diz.Nelsis ressalta que os pequenos agricultores são os únicos capazes de aliar as vantagens proporcionadas pelas novas tecnologias com a preocupação com o meio ambiente e a saúde humana que é peculiar à sabedoria tradicional camponesa. "A agricultura familiar produz de forma mais sustentável, com menos agrotóxicos, mais saúde e mais sabor. Com isso, agride menos o meio ambiente e traz mais qualidade de vida para os consumidores", diz.Antes de ser aberta ao público, a IV Feira Nacional de Agricultura Familiar e Reforma Agrária recebeu a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem falar com os repórteres, Lula circulou à vontade numa parte reservada dos stands por cerca de uma hora. O presidente estava acompanhado pela primeira-dama, Marisa Letícia, e pelos ministros Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Reinold Stephanes (Agricultura), Altemir Gregolin (Secretaria da Pesca), Nilcéia Freire (Secretaria das Mulheres) e Paulo Vannuchi (Secretaria de Direitos Humanos), além de alguns parlamentares.Visivelmente interessado pelos produtos da feira, Lula fez perguntas sobre os materiais usados na confecção dos artesanatos e lamentou o pouco tempo que as outras atividades do dia lhe concederam para percorrer os estandes. "Guilherme, avisa ao pessoal que eu vou voltar para visitar a feira com a Marisa no domingo. E quero voltar vestido de bermudas", brincou o presidente com o ministro Cassel. Além do casal presidencial, a expectativa dos organizadores é que milhares de pessoas visitem a feira até domingo.
Fonte: site da Agência Carta Maior