Tássia Novaes, do A Tarde Line
Alimento que dá sustância ao prato básico do brasileiro, o feijão triplicou de preço nos últimos 12 meses. Em Salvador, o quilo do produto foi vendido em janeiro de 2007 com preço médio de R$ 1,92. Em janeiro deste ano, passou para R$ 6,40, um aumento de 233,33%, segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O feijão atingiu alta de 64,48% em janeiro, se comparado a dezembro último. A leguminosa impulsionou um aumento de 9% da cesta básica em Salvador no último mês, aliada a outros produtos que também tiveram alta, como o tomate (24,75%) e o óleo (12,33%). Segundo o Dieese, foi a maior variação entre 16 capitais pesquisadas.
O aumento do preço do produto atinge as prateleiras dos supermercados de todo o país e foi causado por alterações climáticas. "A colheita foi prejudicada devido a um longo período de estiagem enfrentado no ano passado", explica Nádia Vieira, economista do Dieese.
A escassez de chuva atingiu Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Bahia - estados responsáveis pelo plantio de feijão no Brasil -, comprometendo o estoque da primeira safra 2007/2008. Na Bahia, a produção está centralizada nos municípios de Irecê e Barreiras. Segundo o Centro de Inteligência do Feijão (CIF), o Brasil é o maior produtor e também consumidor do produto.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), uma saca de feijão preto, com 60 quilos, custava no ano passado entre R$ 30 e R$ 35. Atualmente, está avaliada em R$ 130, em média. Já o feijão carioca, o mais consumido no Nordeste, tem o preço ainda mais alto, em média varia de R$ 180 a R$ 235.
Para o engenheiro químico José Roberto Chagas, 41 anos, a situação compromete a qualidade da alimentação do brasileiro. "Quem tem o padrão de vida um pouco melhor, dá um jeito e continua comprando o feijão, mas fica inacessível para muita gente que tem o feijão como alimento principal", avalia. No último mês, Chagas comprou quatro quilos de feijão para a empregada doméstica, mãe de três filhos, que trabalha na sua residência. "Não foi um agrado, é que realmente está muito caro para quem ganha um salário mínimo", considera.
Embora os números causem impacto significativo no bolso do consumidor, a expectativa é que o valor do produto entre em queda ainda este ano. "O início do ano é marcado por chuvas. O plantio será recuperado, teremos uma safra melhor, que vai regularizar a oferta e, dessa forma, diminuir o preço final para o consumidor", analisa Vieira.
De acordo com a Conab, um dos fatores que levará à redução dos preços é a recuperação de 29% da área plantada na segunda safra do feijão no Paraná. FONTE: A Tarde Online ? BA