Evandro Éboli, Bernardo Mello Franco, Isonilda Souza e Célia Costa - O Globo; O Globo Online
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, procurou tranqüilizar a população brasileira sobre os casos de febre amarela verificados no Brasil e afirmou que a situação está "sob absoluto controle". Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira, ele disse que não há risco de epidemia no país ou de o vírus se espalhar por áreas urbanas. Segundo o ministro, nos últimos anos têm sido registrados casos isolados da forma silvestre da doença, que tem se mantido em torno de dois ou três por ano. Temporão afirmou ainda que o país não registra caso da forma urbana da doença desde 1942. De qualquer forma, os postos de saúde do Distrito Federal e de Goiás ainda estiveram cheios nesta quarta. (Saiba como evitar a doença)
Segundo dados do Ministério, até agora existem oito casos sob investigação com suspeita de febre amarela. Nesta conta, estão incluídos os dois óbitos nos últimos dias. Há ainda pacientes com suspeita de ter contraído a doença em Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso e Minas Gerais, onde um pecuarista do Acre está internado sob observação . Além destes, podem estar surgindo mais dois casos, em Tocantins, onde um turista paulista foi internado com sintomas no Hospital Geral de Palmas, e em Maringá (PR), onde um empresário da cidade morreu na madrugada desta quarta-feira com os sintomas da doença, depois de passar alguns dias na cidade goiana de Caldas Novas. Caso seja confirmado que a causa da morte é a febre amarela, será o terceiro óbito oficial da doença em poucos dias. ( Tem dúvidas sobre a doença? Mande-nos )
- A situação está absolutamente sob controle. Desde 1942 não tem caso de febre amarela urbana no Brasil, apenas casos de febre amarela silvestre. As secretarias de saúde estão monitorando acompanhando e informando adequamente - disse o ministro, lembrando que no ano passado houve apenas cinco óbitos. (Ouça as recomendações do ministro)
O ministro afirmou ainda que a Fiocruz liberou mais dois milhões de doses da vacina e que o Distrito Federal, onde vários postos de saúde ficaram sem a vacina, receberia ainda nesta quarta mais 250 mil doses. Temporão também lembrou à população que a vacina tem validade de dez anos, não necessitando de nova dose no período. Mas ele frisou que quem for viajar para áreas de floresta deve se vacinar com dez dias de antecedência.
- A vacina é plenamente eficaz durante dez anos, não tem necessidade de outra dose para quem já tomou - disse.
Sem risco em área urbana
O ministro da Saúde também disse que não há a necessidade de vacinação em massa nos 18 estados suscetíveis à doença . Temporão afirmou ainda que a população de áreas urbanas não correm risco.
- Não há nenhuma necessidade de vacinação em massa nos estados sujeitos à doença porque não há nenhuma epidemia. As pessoas que não vivem ou não estão se dirigindo para áreas de risco não precisam se vacinar - disse.
E completou, em tom indignado:
- Essa história de que a febre amarela urbana voltou é uma mentira. Estou de corpo presente garantindo que não há qualquer chance de febre amarela urbana em todo o país. O ministério e as secretarias estaduais e municipais estão monitorando, informando e vacinando - disse Temporão.
O ministro admitiu que a situação no Distrito Federal, onde houve uma morte por suspeita da doença, é singular, mas que não há necessidade de os moradores do Plano Piloto, área urbana central da cidade, considerada não-endêmica, tomarem a vacina:
- Mas para as pessoas não adianta a imprensa dizer isso, ela tem que ouvir disso de um médico no posto de saúde - afirmou.
Temporão frisou durante toda a coletiva a necessidade da população se vacinar se alguém for para viajar para uma área de floresta.
- Quando o homem entra na mata, não importa se for a trabalho ou a passeio, potencialmente corre o risco de ser picado pelo mosquito e contrair a doença, que tem um grau de letalidade muito alto. Quem for viajar para estados onde ocorre a forma silvestre da doença tem que estar vacinado.
Família de Abubakir acredita que ele foi picado em área urbana
Em Brasília, a família do técnico em informática Graco Abubakir, morto na terça-feira com sintomas de febre amarela, levantou a suspeita de que ele tenha sido infectado na área urbana de Brasília. O governo negou com veemência, e manteve a versão de que Abubakir contraiu a doença ao viajar para Pirenópolis, em Goiás, no réveillon.
- A gente tem quase certeza de que ele foi picado antes de viajar - disse Caio Abubakir, irmão da vítima, durante o enterro, nesta quarta, no cemitério Campo da Esperança, em Brasília, com a presença de cerca de 150 pessoas.
O diretor de Vigilância Ambiental do DF, Mozart José da Silva, informou que uma equipe de agentes vai nesta quinta à casa da vítima para coletar mosquitos e examinar a possibilidade de que o vírus tenha chegado à cidade. Como o vírus leva de três a sete dias para se manifestar, a família de Abubakir acredita que ele tenha se infectado antes de viajar para a cidade goiana, onde passou o réveillon.
No Rio, acabaram as 500 doses de vacina disponíveis
Em menos de 24 horas acabaram as 500 doses de vacina contra febre amarela que estavam disponíveis no PAM Oswaldo Cruz, na Rua Henrique Valadares, no Centro do Rio. Nesta quarta-feira, a última dose foi aplicada às 13h15m, enquanto do lado de fora cerca de cem pessoas aguardavam na fila. Dos 26 postos do Rio onde normalmente é feita a vacinação, apenas o da Henrique Valadares tinha a vacina. No da Anvisa, na Avenida Graça Aranha, no Centro, um cartaz dizia que não havia vacina e indicava que todos deveriam procurar postos do município.
Nests quinta-feira, segundo a superintendente de Vigilância em Saúde da prefeitura, Meri Baran, a situação vai ser normalizada. O município vai distribuir quatro mil doses.
- Estamos pedindo para que apenas as pessoas que vão viajar para as áreas de risco tomem a vacina - alertou Meri Baran. FONTE: Globo Online ? RJ
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