Uma fazenda com aproximadamente 50 alqueires e 182 cabeças de gado, no município de Rondonópolis, em Mato Grosso, voltou a chamar atenção nacionalmente. Desta vez, o motivo é o assassinato de três pessoas que trabalhavam na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT): a pró-reitora Soraiha Lima Miranda, o professor universitário Alessandro Luiz Fraga e o prefeito do campus, Luiz Mauro Pires Russo. Soraiha encabeçava um movimento para que o local fosse doado à universidade. Em julho deste ano, o juiz Danilo Fontenelle, da 11ª Vara da Justiça Federal, anunciou o leilão da propriedade.
Segundo a Justiça Federal, contudo, a propriedade pertenceria a Raimundo Laurindo Neto, acusado do furto milionário ao Banco Central de Fortaleza, em agosto de 2005. O imóvel teria sido adquirido com o dinheiro do crime, mas estava no nome de outra pessoa, que atuaria como "laranja". Em setembro de 2006, pouco depois de a fazenda ter sido seqüestrada pela Polícia Federal, ela foi invadida por cem famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Acampados e Assentados (MTA), dissidência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
O delegado federal Cristian Arley, de Rondonópolis, disse não existir nenhum vínculo direto entre a fazenda e a UFMT. "A universidade está pleiteando o uso do imóvel, mas quem faz a intermediação e decide é a Justiça", afirma. Material de informática e documentos foram recolhidos na universidade e na residência de Soraiha. A pró-reitora foi morta em frente de casa quando voltava de carro de Cuiabá, na companhia do professor e do prefeito. O assassino, segundo o relato de testemunhas, estava sozinho e a pé. Em depoimento, testemunhas apresentaram uma nova versão sobre as mortes. Eles disseram à Polícia que Soraiha estava recebendo ameaças por causa da investigação que realizava sobre irregularidades administrativas no campus. A Polícia também não descarta a hipótese de crime passional, uma vez que a pró-reitoria havia saído de um relacionamento amoroso conturbado.
E-mais
Raimundo Laurindo Barbosa Neto foi preso em Parnaíba (PI) durante a operação Facção Toupeira, da Polícia Federal, em setembro de 2006. Na ocasião, ele confessou ter atuado no planejamento do assalto ao Banco Central e disse que recebeu R$ 4 milhões pela participação.
Os bens de Laurindo ajudaram a levantar as suspeitas sobre ele, que se identificava como comerciante. Ele possuía duas fazendas em Tocantins; outras duas no Pará, onde também é dono de um posto de combustíveis, além de ser proprietário de terras no Maranhão.
De acordo com a Polícia, ele seria o principal elo da quadrilha que furtou o BC com o Primeiro Comando da Capital (PCC). FONTE: O Povo ? CE