Gazeta de Ribeirão
adriana.matiuzo@gazetaderibeirao.com.br
A fazenda da Barra ocupada em agosto de 2003 por cem famílias do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), agora tem 630 famílias de três movimentos diferentes interessadas em serem beneficiadas pela reforma agrária. Com isso, cada lote da fazenda deverá ser disputado por uma família e meia em média quando o projeto de assentamento do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) sair do papel.
O número de ocupantes da fazenda aumentou seis vezes em quatro anos. A fazenda, com 1.790 hectares, teve confirmada a sua posse ao Incra pela Justiça Federal no dia 22 de maio deste ano depois de recursos judiciais dos proprietários da fazenda terem sido negados. O Incra não confirmou ontem, mas segundo um levantamento feito pela Gazeta em maio, a fazenda tem capacidade para 400 famílias, mas abriga 630. São 400 famílias do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), 180 do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) e 49 do Movimento Independente Índio Galdino. Dados preliminares apontam que 230 famílias deverão ficar do projeto de assentamento.
A Gazeta esteve ontem na fazenda, onde é perceptível o aumento no número de barracos e construções provisórias. O Incra emitiu nota ontem em que contesta a reportagem "MST enfrenta desistências em Ribeirão", publicada pelo caderno Brasil da Folha de S. Paulo no último dia 04. A reportagem fala sobre uma suposta migração de membros do movimento para a área urbana em busca do Bolsa Família.
Em nota, o Incra afirma que o MST não é o único movimento social que ocupa a Barra e que a fazenda já é um assentamento com um processo de seleção em andamento para a escolha das famílias a serem beneficiadas pelo projeto de reforma agrária.
Na fazenda deverá ser implantado um PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável). De acordo com o promotor de Justiça de Meio Ambiente e Conflitos Fundiários da região, Marcelo Pedroso Goulart, em vez de ocorrer a desistência, a fazenda, com a posse confirmada ao Incra, tem aumentado o interesse entre os movimentos. De acordo com ele, os três movimentos aceitaram a condição ser assentado na fazenda para trabalhar em regime de agrovila.
A coordenação do MST não tem concedido entrevistas para a Gazeta desde maio por conta da publicação da reportagem "Classes Fantasmas" na edição do dia 15 de julho. Segundo a reportagem, dez salas de aula que deveriam estar em funcionamento em Ribeirão Preto com recursos do Programa Brasil Alfabetizado, não existem. Quatro das dez turmas deveriam estar em funcionamento no acampamento Mário Lago desde o dia 09 de abril. Ontem mais uma vez, a Gazeta conversou com os coordenadores estaduais do movimento sem sucesso.
A reportagem também tentou contato com a coordenação do MLST e do Movimento Índio Galdino, mas ninguém foi encontrado para comentar o assunto.
A Barra foi ocupada em 2003 com o objetivo de acelerar o seu processo de desapropriação porque há três anos já era considera improdutiva pelo Incra. A fazenda também foi alvo de processo ambientais. As famílias que iniciaram a ocupação haviam sido cadastradas pelo MST. FONTE: Gazeta de Ribeirão ? SP