Os acordos comerciais mundiais, as normas harmonizadas sobre iniquidade alimentar e medidas que beneficiem — em vez de prejudicar — os agricultores familiares pobres dos países em desenvolvimento são objetivos-chave das negociações em curso sobre o comércio internacional, disse na terça-feira (24) o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva.
Autoridades do mundo todo se reunirão em Buenos Aires em dezembro para a Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Apesar de a programação ser dominada por temas como comércio eletrônico, a rápida expansão do comércio internacional de alimentos continua sendo uma questão de grande importância e que recebeu forte impulso após o acordo alcançado na última Conferência — de 2015 em Nairóbi — para eliminar os subsídios às exportações agrícolas.
“Devemos alcançar um resultado que suponha um passo rumo a um sistema do comércio mundial inclusivo, equilibrado e equitativo”, disse Graziano. Uma das principais urgências é dar prioridade aos acordos globais acima dos instrumentos comerciais bilaterais e regionais que proliferaram nos últimos anos, completou, em declarações feitas ao Comitê de Problemas de Produtos Básicos (CCP, na sigla em inglês).
Enquanto os agricultores familiares e pequenos produtores produzem 80% da alimentação do mundo, muitos deles também sofrem com a fome e dependem das possibilidades de importação e exportação para sua segurança alimentar e para sair da pobreza, declarou Graziano, lembrando ser imperativo que as políticas e regras evitem distorções do comércio que prejudicam esses atores.
O CCP, o comitê técnico mais antigo da FAO, composto por mais de 100 membros que se reúnem a cada dois anos, é um fórum para os debates preparatórios antes da conferência ministerial da OMC. Este ano, o CCP está focado em discutir como aproveitar as contribuições do comércio para os objetivos de segurança alimentar e nutrição da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. FONTE: ONU