O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Ademar Silva Junior, acompanhou ontem (13/2) a Audiência Pública do Senado Federal que discutiu o embargo a carne bovina pela União Européia. Depois da reunião, ele disse ser contra a lista que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) das propriedades que poderão vender para a União Européia. "Isso mostra uma subserviência dos produtores brasileiros", apontou.
Ele destacou ainda que a discussão não é uma questão sanitária. "Não estamos discutindo a questão sanitária e vamos atuar para credenciar as propriedades do Estado porque fizemos as lições de casa e não há foco de aftosa. Todas as exigências foram rigorosamente cumpridas".
Conforme o presidente da entidade, Ademar Silva Jr., o Estado também é o maior com número de propriedades cadastrada pelo ERAS. "O que a União Européia quer é o credenciamento de cada propriedade e não um sistema de rastreabilidade", colocou o presidente da Famasul.
MINISTRO RECUSA PROPOSTA
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou ontem (13/2), durante audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal, que o governo não tem condições de retirar a lista de propriedades habilitadas a exportar para a União Européia (UE). Pressionado por parlamentares e representantes dos pecuaristas, Stephanes explicou que a estratégia é negociar a revisão das normas de rastreabilidade do gado. "Podemos chegar na mesa de negociações e dizer que a lista só valerá se ficarem claras as regras a partir de então. Caso isso não aconteça o Brasil pode estar disposto a deixar de vender para esse mercado", disse. O ministro estimou um prejuízo de R$ 5 milhões por dia para o Brasil com o embargo da UE à carne bovina brasileira.
Stephanes disse também que vai comunicar ao embaixador da União Européia no Brasil, e também ao embaixador do Brasil na UE, o sentimento que paira entre os produtores, os quais começam a exigir do governo uma posição mais dura com relação ao embargo europeu. Essa postura foi defendida hoje por vários parlamentares durante a audiência pública. O deputado Homero Pereira (PR-MT) foi contundente: "Não queremos que o Brasil se curve às exigências da UE". "O Brasil tem de deixar claro que não concorda com a segregação. Se a questão não é técnica, e sim comercial, precisamos fazer retaliações", afirmou o deputado.
Segundo o ministro, seria necessário cadastrar não menos do que 3 mil a 5 mil fazendas para atender a demanda do mercado europeu pela carne bovina. Ele também informou que há temor de que a decisão da UE influencie outros compradores internacionais. "Poderá haver uma reação em cadeia para outros mercados. Isso nos preocupa", disse Stephanes.
FONTE
Agência CNA FONTE: Agrosoft Brasil