O Brasil precisa ampliar investimentos em produção e em logística para importar e escoar fertilizantes se não quiser se tornar ator coadjuvante num mercado global que já tem China e Índia como principais protagonistas. Pior que isso: se não tomar cuidado nessa frente, o país poderá ter na escassez de adubos uma trava para sua expansão agrícola. Essas foram as principais conclusões de um seminário sobre as perspectivas do segmento realizado ontem (dia 30) em São Paulo pela Agroconsult.
"Os fertilizantes são um crescente fator de limitação do agronegócios brasileiro. Menos pela questão dos preços, que de fato estão altos no mercado internacional, e mais pelo suprimento", disse André Pessôa, sócio-diretor da consultoria. Ele lembra que, por depender de importações, as oscilações das matérias-primas que compõem os adubos no exterior têm reflexo direto na formação dos preços dos produtos vendidos no Brasil, mas não enxerga novos saltos no horizonte.
Quanto aos investimentos, Pessôa observou que as empresas que operam no país têm a possibilidade de elevar aportes para a produção de matérias-primas derivadas do nitrogênio e do fosfato. No caso dos nutrientes oriundos do potássio, não há condições naturais para isso. Na área de logística, afirma, é preciso melhorar a capacidade de recepção nos portos, a distribuição e a armazenagem de produtos.
Dados da Associação Internacional de Fertilizantes (IFA, na sigla em inglês) apresentados pela Agroconsult mostram que, em 2007, a China se consolidará como o principal país consumidor de fertilizantes do mundo, com volume total previsto em 47,6 milhões de toneladas de nutrientes. A Índia vem em seguida, com 23,1 milhões de toneladas, e o Brasil perde também para EUA e leste europeu.
No mercado brasileiro o consumo deverá alcançar 10,3 milhões de toneladas de nutrientes, que deverão se transformar em 24,3 milhões de toneladas de produtos finais, um recorde histórico. Para 2008, a tendência é de crescimento: A Agroconsult projeta para o ano que vem 10,8 milhões de toneladas de nutrientes e 25,5 milhões de toneladas de produtos finais no país.
Da oferta total deste ano, a produção nacional deverá representar 40%, com os 60% restantes atendidos por importações. Em 2008, a proporção tende a se manter praticamente inalterada, com a produção nacional responsável por uma fatia de 41%. FONTE: Valor Econômico ? SP